Enrolation-tion, enrolation…
Antonio Carlos Atella Ferreira, o contador petista que teria obtido no posto da Receita de Santo André o sigilo de Verônica Serra, tinha acusado Ademir Estevam Cabral, uma espécie de office boy, de lhe ter entregado a falsa procuração de Verônica. Em depoimento à Polícia Civil de São Paulo, Cabral confirma ter trabalhado com Atella, […]
Antonio Carlos Atella Ferreira, o contador petista que teria obtido no posto da Receita de Santo André o sigilo de Verônica Serra, tinha acusado Ademir Estevam Cabral, uma espécie de office boy, de lhe ter entregado a falsa procuração de Verônica. Em depoimento à Polícia Civil de São Paulo, Cabral confirma ter trabalhado com Atella, mas nega qualquer envolvimento com o caso. E assim as coisas prosseguem.
Não mudei a minha impressão sobre esse caso. Acho que a história de “contador” foi uma farsa dentro da farsa. Até a procuração falsa tem cara de ter sido plantada para livrar a cara dos verdadeiros responsáveis pela violação. Já escrevi aqui a respeito. Comecei a achar a hipótese da farsa ainda mais plausível depois de ter ficado claro que o sigilo de Verônica foi quebrado também no posto da Receita de Mauá. Convenham: por que alguém precisaria de uma “procuração”? O sigilo do marido de Verônica foi violado sem procuração nenhuma, nem falsa nem verdadeira. O mesmo aconteceu com um grupo de tucanos.
Quando ficou claro que a violação do sigilo de Verônica viria a público, tenho a impressão de que correram para armar uma história verossímil, que comprovasse, sim, o crime — não tinha como ser negado —, mas preservasse os criminosos. É o caso. Ora, quem fez a falsa procuração? Atella não sabe. E exibe seu álibi: “Você acha que, se fosse eu, teria deixado meu nome na Receita?” Quem passou o documento sigiloso para ele? A funcionária do posto da Receita tem o seu álibi: “Não sou perita criminal; sou paga para fornecer o papel” — de todas as desculpas, essa é a mais especiosa porque isso implica que qualquer um pode obter dados de terceiros em qualquer posto da Receita… Criminosos? Não há. A PF ouviu Atella e não o indiciou. Em entrevista, ele também se disse vítima.
Então voltemos para Mauá, onde, afinal, todos tiveram o sigilo violado: os tucanos, Verônica e o marido. Bem, a Corregedoria já disse que aquilo é uma bagunça, e passam de dois mil as violações praticadas com uma mesma senha. Logo, o excesso de crimes dilui o crime político.
Aonde isso chegará? A lugar nenhum! No próximo dia 15, quarta-feira, o escândalo dos aloprados completa quatro anos. Ninguém foi punido. A PF não conseguiu saber nem mesmo a origem do dinheiro. O assessor de Mercadante, que era o mala-preta da operação, já está de volta ao PT – não sem antes ter virado um empresário de sucesso na Bahia…
PS – Alguém poderia indagar ainda: “Reinaldo, nessa sua hipótese, por que teriam armado a farsa da procuração falsa só no caso de Verônica? Ora, porque é essa violação que evidencia, sem chance para diversionismos, o caráter político-eleitoral da tramóia.