O rapper MV Bill afirmou que não quer saber o que fazem os seus “fornecedores”. Entendo. Ainda bem, né? Ou talvez não desse à R. A. Brandão os direitos autorais de um livro seu. Nunca antes um só homem foi especialista em tanta coisa, como mostraram Diogo Mainardi na VEJA desta semana e o Globo de ontem. Antes que volte a este ponto, uma informação.
Em 2007, um Raphael de Almeida Brandão foi aprovado num concurso da Petrobras para “Administrador Júnior”. Se é o mesmo e se tomou posse, bem, isso eu não sei. Mas é um nome que dá sorte na estatal (veja PDF clicando aqui – o nome está na página 131, terceira coluna, da 36ª linha.
Voltando. Acredito que Raphael cuide muito bem dos direitos autorais de MV Bill. Nunca antes nestepaiz se viu alguém tão eclético. Como nós já vimos, suas empresas podem:
– fazer cartilha sobre meio ambiente;
– fazer bufê em obras de terraplenagem (esta certamente deve ser a atividade mais fascinante);
– fazer dicionário sobre personalidades históricas;
– fazer design ecológico em produtos sociais…
Só isso? Que nada! No Globo de ontem, ficamos sabendo de outras habilidades de Raphael. Ah, sim: as empresas também têm um probleminha de erndereço e não ficam onde declaram estar. Leiam:
Além de ter recebido R$ 3,7 milhões da Petrobras em 49 contratos no ano passado, a Guanumbi Promoções e Eventos também foi beneficiada com R$ 395,4 mil por realizar serviços em ações federais que vão da delimitação de áreas marinhas à gestão do Programa Nacional de Atividades Nucleares, passando por regulação de planos de saúde. É o que mostra a reportagem de Alessandra Duarte publicada na edição desta segunda-feira no GLOBO. O valor é a soma dos gastos diretos da Presidência da República e de oito ministérios com a empresa, entre 2004 e 2009, segundo levantamento feito pelo GLOBO no Portal da Transparência do governo federal.
No cadastro da Receita Federal, a Guanumbi tem sede no mesmo local que a R. A. Brandão Produções Artísticas, que no mesmo período recebeu R$ 48 mil de dois ministérios, e que teria recebido R$ 4,5 milhões da Petrobras em 2008: um endereço na Estrada do Guanumbi, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. É uma casa de classe média alta, onde um morador disse que não conhece a R. A. ou Raphael de Almeida Brandão (que seria dono da R. A.), e que a Guanumbi teria se mudado de lá em 2004.
Registrada na Receita como empresa de produção teatral, a Guanumbi tem um leque diversificado. Em 2006, quando recebeu R$ 71.877,24, foram R$ 7.292 na ação “Disseminação de informações estatísticas e geocientíficas” da Fundação IBGE; R$ 7,9 mil na “Delimitação das áreas marinhas ecologicamente sensíveis”, do Comando da Marinha; e R$ 29 mil no “Funcionamento de cursos de graduação” da UFRJ. Em 2007, quando ela ganhou R$ 83.887, foram R$ 1,5 mil das Indústrias Nucleares do Brasil, e R$ 15.963 da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Voltei
Alô, Claudio Manoel, do Casseta & Planeta! Seu Creysson, das poderosas Organizações Capivara, foi miseravelmente derrotado. Raphael é mais eclético.
MV Bill poderia cantar tudo isso num rap, não é mesmo? O título seria: “Eu agarantium”.