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Reinaldo Azevedo

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ELEIÇÃO EM SP 2 – ESTAVA ESCRITO

Leiam o que escrevi no dia 7 de julho. Observem que o “pobre” Kassab se arrastava ali nos 13%. Volto depois:*Petistas e não-petistas me perguntam, em tons diferentes, por que não comentei ainda a pesquisa Datafolha do domingo. Achei mais importante dar atenção às maluquices do TSE, na sua sanha censória. Mas comento, sim, por […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h50 - Publicado em 5 out 2008, 08h09
Leiam o que escrevi no dia 7 de julho. Observem que o “pobre” Kassab se arrastava ali nos 13%. Volto depois:
*
Petistas e não-petistas me perguntam, em tons diferentes, por que não comentei ainda a pesquisa Datafolha do domingo. Achei mais importante dar atenção às maluquices do TSE, na sua sanha censória. Mas comento, sim, por que não? Não deixa de ser interessante demorar um pouco: serve pra gente ver se o óbvio é dito. E nada de óbvio… E a primeira das obviedades é esta: a disputa está 38% (Marta) a 44% (Alckmin, com 31%, e Kassab, com 13%). No segundo turno, o candidato tucano continua na frente.

Marta está em ascensão? Os números indicam que sim. Eles são explicáveis e razoáveis. Ela tem, vamos dizer, um “discurso”, que lhe foi dado de presente pelos adversários: aproveitou a confusão tucana para surgir como a conciliadora, aquela que vai resgatar a ordem e a harmonia na cidade… A cobertura jornalística tem facilitado seu discurso. Até agora, ninguém está ligando a obra — a gestão Marta — à pessoa: a candidata Marta, o que a campanha eleitoral tem de fazer. A pergunta que não quer calar é esta: vai fazer?

A vitória ou a derrota de Marta está nas mãos de seus dois adversários. Aí alguém poderia dizer: “Espere aí, Reinaldo, agora você exagerou no óbvio”. Não exagerei, não. Detalho o que escrevi: a lógica convencional, burra nesse caso, indica que Alckmin e Kassab devam se estapear para ver quem disputa com ela o segundo turno. Se os dois se entregarem a esta sandice, estarão apenas disputando para ver quem terá o privilégio de ser derrotado por ela.

E há uma segunda hipótese também fatal para ambos. Kassab tem muito o que mostrar como prefeito. Alckmin vai usar certamente a imagem positiva de sua gestão no governo do Estado e o recall positivo que tem. Tudo certo. Mas ou os dois se convencem de que a adversária principal é Marta, ou tendem a quebrar a cara. Assim, se a troca de tapas entre ambos seria uma besteira, limitar-se à campanha propositiva seria outra. E a razão é simples.

Uma campanha só propositiva dos adversários pode arrancar alguns pontos de Marta no primeiro turno. Mas é preciso atuar para impedir que o seu índice de rejeição — de 30% — tenha uma queda importante. Se o PSDB e o DEM permitirem que isso aconteça, terão dado a eleição de presente para o PT.

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Voltei
Notem que eu observava que os votos anti-Marta — e anti-PT — superavam os da candidata. Mas que nada! Não se dava pelota para isso. A pauta, naqueles dias, era “a vitória no primeiro turno”, conforme o petismo havia decidido. Sobre isso, outra observação: lembram-se quando os petistas conseguiram plantar nos jornais que seria mais difícil vencer Alckmin do que Kassab? Cheguei a perguntar aqui se os estrategistas de Marta saíam falando para jornalistas o que realmente pensavam… Adiante.

Se Alckmin tivesse dado bola para o texto acima, convenham, não teria feito tanta besteira, não é? Kassab fez a coisa certa para quem quer ganhar a disputa: ignorou Alckmin, cujo partido está na Prefeitura, e optou pela linguagem propositiva e pela exposição de suas obras. Mas não abriu mão de confrontar Marta desde o primeiro dia, o que o tucano se negou a fazer.

Alguém tem alguma dúvida de que Marta teria nadado de braçada se o democrata tivesse ido para a beira do tanque, onde Alckmin o desafiava para um bate-boca? Eu não tenho. Uma parte do eleitorado queria saber quem era o candidato anti-Marta e anti-PT. A liderança natural para assumir essa posição era, admitamos, o ex-governador, que disputou com Lula a eleição presidencial passada. Era visto por muito como um dos líderes da oposição.

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Mas quê… Algum gênio lhe soprou aos ouvidos que o negócio era deixar o PT de lado para bater num aliado. Em vez de se credenciar como um nome antipetista, passou a ser visto por fatias do eleitorado como uma espécie de traidor e de aliado objetivo do petismo. Vejam o que vai em azul: tudo era tão previsível, não é? Alckmin cedeu a Kassab o privilégio de bater em Marta. Deu no que deu.

Ah, sim: tudo isso se debate em razão da besteira primitiva feita pelo tucano: candidatar-se.

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