Ele tem a sua própria “Ave-Maria” — uma “Maria” latino-americana, claro!
(Leia primeiro os dois posts abaixo) Só para encerrar este capítulo — e, depois, preciso marcar uma hora com meu confessor, não sem antes passar numa igreja para sentir a alma mais limpa —, informo que Frei Betto criou a sua própria Ave-Maria. É a Maria latino-americana, tá? Ave Maria latino-americana Ave Maria, grávida das […]
(Leia primeiro os dois posts abaixo)
Só para encerrar este capítulo — e, depois, preciso marcar uma hora com meu confessor, não sem antes passar numa igreja para sentir a alma mais limpa —, informo que Frei Betto criou a sua própria Ave-Maria. É a Maria latino-americana, tá?
Ave Maria latino-americana
Ave Maria,
grávida das aspirações de nossos pobres,
o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre os oprimidos,
benditos os frutos de libertação
do vosso ventre.
Santa Maria, mãe latino-americana,
rogai por nós
para que confiemos no Espírito de Deus,
agora que o nosso povo assume a luta por justiça
e na hora de realizá-la em liberdade,
para um tempo de paz.
Amém!
E aí? Maria latino-americana??? Posso imaginar a Maria de Frei Betto, “embarazada” de Che Guevara, dando à luz ao libertador das Américas. Na Ceia Macabra, ele diria: “Tomai e bebei todos vós, este é o sangue de milhares de inocentes assassinados”.
Falei em loucura? Não fiquem chocados. Só levei a sério a Oração do Pássaro, também de Frei Betto:
Oração do pássaro
Senhor, tornai-me louco, irremediavelmente louco
Como os poetas sem palavras para os seus poemas,
As mulheres possuídas pelo amor proibido,
Os suicidas repletos de coragem perante o medo de viver,
Os amantes que fazem do corpo a explosão da alma.
Dai-me, Senhor, o dom fascinante da loucura
Impregnado na face miserável do pobre de Assis,
Contido nos filmes dionisíacos de Fellini,
Resplandecente nas telas policrômicas de Van Gogh,
Presente na luta inglória de Lampião.
Quero a loucura explosiva, sem a amargura
Da razão ética das pessoas saciadas à noite pela TV,
Da satisfação dos funcionários fabricantes de relatórios,
Dos deveres dos padres vazios de amor,
Dos discursos políticos cegos ao futuro.
Fazei de mim, Senhor, um louco
Embriagado pelo vosso amor,
Marginalizado do rol dos homens sérios,
Para poder aprender a ciência do povo
Em núpcias com a Cruz que só a Fé entende
Como um louco a outro louco.
Voltei e encerro
Então… “mulheres possuídas pelo amor proibido”; “amantes que fazem do corpo a explosão da alma”… Pois é.
Como se nota, Deus atendeu àquele clamor do primeiro verso faz tempo!