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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Egito no auge da tensão. Ou: todos enganam Obama

O golpe de estado — ou autogolpe — já foi dado no Egito. Os militares estão no comando — aliás, estão desde que anunciaram que não reprimiriam os protestos da população. Um chefão do Exército foi falar a manifestantes na praça. Hosni Mubaraki continua, pois, formalmente no poder porque eles querem — ou porque falta […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h52 - Publicado em 11 fev 2011, 07h07

O golpe de estado — ou autogolpe — já foi dado no Egito. Os militares estão no comando — aliás, estão desde que anunciaram que não reprimiriam os protestos da população. Um chefão do Exército foi falar a manifestantes na praça. Hosni Mubaraki continua, pois, formalmente no poder porque eles querem — ou porque falta o devido consenso sobre o momento seguinte à deposição.

É a fase mais perigosa do conflito. Forças Armadas eventualmente rachadas podem rachar para qualquer lado. A chance de haver conflitos violentos nesta sexta é grande. A violência pode precipitar a queda formal de Mubarak, mas também pode fortalecer os que temem ser os próximos.

O que impressiona na crise egípcia é o papel de Barack Obama, o pateta. Enquanto um representante de seu governo negociava, quando uma transição pacífica ainda parecia possível, o presidente dos EUA — afinal, um bom-moço — puxava miseravelmente o tapete do aliado. Oh, sim, meninos! Mubarak é um crápula. Mas se tratava de assegurar uma passagem de poder que abrisse o regime sem entregá-lo de mãos beijadas à Irmandade Muçulmana. Quando ficou claro ao povo da praça que Obama tirava o corpo fora, aí a massa não fez por menos: “Concessões e transição uma ova! Fora Mubarak! E já!”

Obama, que foi surpreendido pela crise, o que já é espantoso, e que pôs lenha na fogueira, voltou ontem a dar um show de despreparo. Seu governo praticamente anunciou o bom golpe de estado, que afastaria Mubarak, e o presidente não renunciou, embora esteja claro que não está mais propriamente no comando. Mas faltou o ato simbólico.

O povo da praça está furioso. Líderes da turba ouvidos pelo New York Times prevêem atos violentos. Esta pode ser a sexta sangrenta do Egito a selar o destino do ditador. O problema é que, a cada dia, o tempo pós-Mubarak vai ficando mais incerto. O caos interessa aos fundamentalistas — e ele poderia ter sido evitado. O Ocidente tem de agradecer aos céus haver tantos líderes mixurucas entre seus inimigos! Louvado seja Reagan que ajudou a destruir a URSS!!! Benditos tiranos chineses, que querem mesmo é ganhar dinheiro! Imaginem serpentes e raposas como Stálin ou Kruschev a nos espreitar do outro lado, sendo Obama o comandante da nossa defesa!

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