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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

E os “Green and Yellow Blocs” gritaram no Itaquerão: “Ei, Dilma, a-e-i-o-u/ ei, Dilma, a-e-i-o-u…” Presidente escapou do discurso, mas não de certo monossílabo tônico

Vejam e ouçam este vídeo. Certamente, a televisão de vocês também registrou, embora a transmissão, ao menos a da Globo, não tenha feito nenhuma referência ao fato. Admito: é uma coisa complicada mesmo, ainda que me pareça perfeitamente possível informar: “E, agora, parte do estádio dirige palavras não muito gentis à presidente Dilma Rousseff…”. Até […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h40 - Publicado em 13 jun 2014, 07h01

Vejam e ouçam este vídeo.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=iCi53Uyvgcg%5D

Certamente, a televisão de vocês também registrou, embora a transmissão, ao menos a da Globo, não tenha feito nenhuma referência ao fato. Admito: é uma coisa complicada mesmo, ainda que me pareça perfeitamente possível informar: “E, agora, parte do estádio dirige palavras não muito gentis à presidente Dilma Rousseff…”. Até porque estou certo de que, tivesse o estádio explodido num grande delírio de alegria, certamente se daria destaque ao fato.

Está aí. Dilma foi premiada com um dos xingamentos prediletos do brasileiro, só perdendo para aquele que ofende a genitora. Certo monossílabo tônico, sem acento, terminado em “u” foi dirigido à presidente. Mais de uma vez, parte considerável do estádio gritou: “Ei, Dilma, a-e-i-o-u/ Ei, Dilma, a-e-i-o-u…”.

Não era o que estava no script, é certo. Nelson Rodrigues dizia que brasileiro vaia até minuto de silêncio. Pode não ser bem assim, mas é certo que políticos em ambientes esportivos nem sempre são bem-vindos. Ainda mais nos dias de hoje, quando há uma óbvia crispação nas ruas e uma indisposição meio generalizada com a lambança em órgãos oficiais.

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Ainda que o governo federal houvesse cumprido todas as promessas que fez, dar a cara nos estádios seria uma operação de risco. Ocorre que não cumpriu.  Os torcedores sabiam que a presidente estava ali. Talvez tivesse sido deixada quietinha, no seu canto, não tivesse ela cedido ao mau conselho de algum aspone, que lhe sugeriu que ocupasse a Rede Nacional de Rádio e Televisão para desqualificar seus críticos, inflar os números da gestão petista e dizer algumas inverdades, como dar por concluídas obras que estão em curso.

Ficou muito claro que a população sabe distinguir muito bem o seu apreço pela Seleção Brasileira da exploração política mesquinha que o governo e o petismo tentaram fazer. Não só sabe distinguir como repudia as tentativas de governantes de se apropriar do que, obviamente, não lhes pertence.

O versinho dispensado a Dilma não é de bom gosto, mas é bom deixar claro que os que protestaram no estádio têm natureza muito distinta dos “black blocs”. Os “Green and Yellow Blocs” não querem destruir nada, não querem quebrar nada, não querem bater em ninguém. Estão cansados desse governo e de Dilma Rousseff. E, tudo indica, acham que é hora de mudar. Se vai acontecer ou não, aí veremos. Abaixo, uma metáfora doméstica.

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Post publicado originalmente às 19h59 desta quinta
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