E COMO EXPLICAR O CHILE?
Os membros do apparatchik petista na imprensa, alguns quase convincentes em se fingir de jornalistas, estão certos de que um presidente popular, com uma economia em crescimento, faz necessariamente o sucessor. E aí se listam os exemplos que endossam a tese, excluindo-se, claro, aqueles que não endossam. Clinton, por exemplo, não elegeu Al Gore — […]
Os membros do apparatchik petista na imprensa, alguns quase convincentes em se fingir de jornalistas, estão certos de que um presidente popular, com uma economia em crescimento, faz necessariamente o sucessor. E aí se listam os exemplos que endossam a tese, excluindo-se, claro, aqueles que não endossam. Clinton, por exemplo, não elegeu Al Gore — “Ah, foi a fraude não sei onde…” O resultado foi endossado quatro anos depois, em circunstâncias mais difíceis para os republicanos.
Um dado de que se tem falado pouco: qual será o desempenho do PT nas eleições estaduais? À primeira vista, a realidade não parece nada auspiciosa para o partido. Michelle Bachelet, no Chile, lidera um governo aprovado por 80% da população; a economia cresce, e o país é a mais estável da América Latina. A concertação de centro-esquerda está no poder há 20 anos. E, tudo indica, Sebastián Piñera, da oposição, vence a eleição de domingo próximo. Se não levar no primeiro turno, leva no segundo.
Pesquisa divulgada nesta quarta indica que ele ampliou a vantagem sobre Eduardo Frei — 44,1% contra 31%. Na simulação de um segundo turno, previsto para 17 de janeiro, ganharia por 49% a 32%. E o que há de errado, do ponto de vista dos chilenos, com o governo Bachelet? Essencialmente, nada! Só que a maioria considera que Piñera é mais adequado para o futuro que anseiam. Isso desafia os “especialistas” e “marquetólogos”? Pois é…
É verdade que a política chilena não está submetida a certas chicanas em curso no Brasil., e Bachelet passa longe do discurso agressivamente populista de Lula. Por lá, nem governo nem imprensa questionam o direito que a oposição tem de ser oposição. Essa história de que a economia definirá o resultado das urnas é só torcida disfarçada de análise objetiva. “E você? Não torce pela derrota do PT?” Torço. Mas deixo isso claro. E tal fato não torna a minha análise nem melhor nem pior. Feio é torcer escondido, tentando enganar o leitor.
Aí o petralhinha levanta as patinhas nervosas: “Ah, se o governo fosse um desastre na economia, não seria mais fácil para a oposição?” É claro que seria. O resultado da eleição é fruto de um conjunto de fatores condicionantes — a economia é apenas um deles.