Diretor da Abin diz que Protógenes deve ser responsabilizado por descontroles na Satiagraha
Na Folha Online:Em um desabafo durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o diretor de contra-inteligência afastado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Maurício Fortunato, disse nesta quarta-feira que o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, deve ser responsabilizado por “descontroles” ocorridos durante a Operação Satiagraha –inclusive eventuais escutas telefônicas clandestinas.Ao negar […]
Em um desabafo durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o diretor de contra-inteligência afastado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Maurício Fortunato, disse nesta quarta-feira que o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, deve ser responsabilizado por “descontroles” ocorridos durante a Operação Satiagraha –inclusive eventuais escutas telefônicas clandestinas.
Ao negar que agentes da Abin tenham realizado grampos ilegais, Fortunato disse que a agência está “pagando um pato” que não é dela, e sim do delegado, responsável por coordenar a Satiagraha.
“Que existiu descontrole dentro do departamento da Polícia Federal, existiu. […] Esse problema é da PF. Tudo foi feito dentro do prédio da Polícia Federal. A Abin, nada foi feito. Não houve reunião de agentes, o delegado Protógenes não montou sua base dentro da Abin”, afirmou.
Fortunato criticou a participação do agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Inteligência) Francisco Ambrósio Nascimento na Operação Satiagraha ao afirmar que o servidor dividia uma sala no quinto andar da sede do DPF (Departamento de Polícia Federal) com Protógenes. Ambrósio é acusado de coordenar as escutas telefônicas clandestinas realizadas supostamente pela Abin na operação.
“Naquele ambiente trabalhavam outros servidores, e eu concordo com os senhores, não deveria ter servidores fora da estrutura governamental trabalhando nessa estrutura. O delegado Protógenes trabalhava numa sala no quinto andar no DPF onde funciona a diretoria de base policial. Naquele ambiente foi montada a central daquele trabalho”, afirmou.
Segundo Fortunato, os agentes da Abin não podem ser responsabilizados pelos grampos. “Hoje, a Abin se vê no meio dessa confusão. É uma confusão que não é nossa. A Abin entrou com o apoio institucional. Seus servidores estão chateados, achincalhados como grampeadores. Se foram feitas interceptações telefônicas ilegais, o inquérito da Polícia Federal vai esclarecer toda essa situação. Nesse momento, estamos pagando um pato que não é nosso.”
Fortunato se responsabilizou pela coordenação dos agentes da Abin que participaram da Operação Satiagraha, mas negou qualquer ligação deles com Ambrósio. “Eu assumo a responsabilidade de estar controlando essa operação. O coordenador de operações, que é meu subordinado, simplesmente escalava servidores. A responsabilidade é minha. Naquele momento eu, como diretor, entendi que falando com os meus superiores e eles dando apoio a coisa [apoio à PF na operação] podia ser feita, porque entendemos que era coisa simples.”
Ao mencionar o “descontrole” da Polícia Federal na Operação Satiagraha, o diretor criticou a participação de Ambrósio nas investigações. “Na construção de se resolver um problema de um inquérito, a investigação que o delegado vinha desenvolvendo, ele utilizou várias estruturas oficiais e, pelo que estamos tomando conhecimento, inclusive estruturas não oficiais que trabalhavam dentro das instalações da PF aqui em Brasília”, disse.