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Reinaldo Azevedo

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Dilma, os governadores, as conversas sobre o nada e… o disparate final

Conforme o antevisto aqui, a conversa de Dilma Rousseff com os governadores girou em torno do nada. Sem agenda, foi preciso improvisar uma coisa qualquer antes da foto — o que já chamei aqui de “abraçaço da afogada”. Disse a presidente, entre outras coisas, num longuíssimo discurso de 32 minutos, segundo leio na Folha: “Eu […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 4 jun 2024, 22h29 - Publicado em 30 jul 2015, 21h54

Conforme o antevisto aqui, a conversa de Dilma Rousseff com os governadores girou em torno do nada. Sem agenda, foi preciso improvisar uma coisa qualquer antes da foto — o que já chamei aqui de “abraçaço da afogada”. Disse a presidente, entre outras coisas, num longuíssimo discurso de 32 minutos, segundo leio na Folha:
“Eu não nego as dificuldades, mas afirmo que todos nós, e o governo federal em particular, temos como enfrentar essas dificuldades e em um prazo bem mais curto do que alguns pensam. […] É importante estabelecer parcerias e enfrentar os problemas juntos”.

Mais “rápido” quanto? Qual é o plano? Quem são esses “alguns” que estariam pensando errado? Uma pessoa ali, com certeza, fazia afirmações sem sentido. Dilma ensaiou os motivos da crise por que passa o Brasil: “o colapso no preço das commodities, a grande desvalorização da moeda, com impacto nos preços e na inflação”. Não dá!

A desvalorização das commodities mostrou que viria para ficar já em meados de 2012, quando Dilma estava com um ano e meio de seu primeiro mandato. Agora ela vem alegar tal fator para explicar as dificuldades brasileiras? E o câmbio? Qualquer que seja ele, é a realidade internacional que está impondo isso ou aquilo? Nem ela acredita nisso. E menos ainda acreditaram os que a ouviram.

Um governante em crise precisa apostar em certo heroísmo. Aludindo, como sempre, a seu passado, lá veio a presidente:
“Eu, pessoalmente, sei suportar pressão e até injustiça, e isso é algo que qualquer governante tem que se capacitar e saber que faz parte da sua atuação. Tenho ouvido aberto, enquanto razão, e o coração, enquanto sentimento, para saber que o Brasil que cresceu e não se acomoda é o Brasil que nós queremos, que sempre quer mais”.

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Então tá. Dilma deveria ir à televisão, em rede nacional, explicar que é uma injustiça que o povo cobre que ela cumpra o que prometeu. Ela pode tentar jogar a culpa no preço das commodities.

Dilma falou sobre as dificuldades fiscais, lembrando ser esse um problema de todo mundo, observou que assumiu o desgaste de vetar algumas propostas que geravam impacto negativo nas contas públicas e, por óbvio, acabou sugerindo que os governadores a auxiliem na relação com o Congresso.

Pacto
No fim das contas, meus caros, a conversa de fundo era mesmo alguma coisa parecida com um pacto de governabilidade — só que sem agenda. Precisando propor alguma coisa, Dilma sugeriu que todos se unissem em favor da redução de homicídios e da diminuição da população carcerária. O que isso tem a ver com o conjunto da obra? Ninguém sabe.

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Até porque, entre os presentes, estava Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo. O Estado tem hoje a menor taxa de homicídios do Brasil (9,38 por 100 mil), está entre os que mais prendem e tem a maior população carcerária do país: concentra 22% da população e 40% dos presos. Mais assassinos na cadeia, menos assassinos matando na rua.

A equação é elementar demais para a dialética sem metas de Dilma. No fim das contas, os governadores entenderam tudo: a presidente não estabeleceu meta nenhuma, mas prometeu que, tão logo seja cumprida, ela pretende dobrá-la.

Entenderam?

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