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Reinaldo Azevedo

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DEPOIS DAQUELA FOTO

Dias realmente estranhos esses nossos. Bebel, a presidente da Apeoesp, posou (Emir Saber escreveria “pousou”) para um fotógrafo da Folha (veja post das 20h43 de ontem) e concedeu uma entrevista à colunista Mônica Bergamo, com espaço para a, digamos assim, mitologia pessoal. Não que seja uma vida muito interessante ou venturosa, mas lá estava ela […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h36 - Publicado em 3 abr 2010, 07h35

Dias realmente estranhos esses nossos. Bebel, a presidente da Apeoesp, posou (Emir Saber escreveria “pousou”) para um fotógrafo da Folha (veja post das 20h43 de ontem) e concedeu uma entrevista à colunista Mônica Bergamo, com espaço para a, digamos assim, mitologia pessoal. Não que seja uma vida muito interessante ou venturosa, mas lá estava ela revelando aspectos típicos da conversa de celebridades naquelas revistas de “sociedade”. Isto: a Apeoesp é para Bebel o que a banheira é para algumas moças daquelas revistas.

Professora de português e literatura, afastada da sala de aula há 15 (!!!) anos, observem que ela não fez qualquer esforço para se associar a uma luta intelectual. Ou fez? A coisa que mais aproxima Bebel de livros até agora é uma fogueira. A pira foi acesa por seus colegas de sindicato. Não gostam do material didático fornecido pela secretaria porque dizem que ele tolhe a sua criatividade e a sua liberdade. Quais são a criatividade e a liberdade próprias a incendiários? Tocar lira?

Há gente reclamando de alguns comentários — isso porque não viram os que cortei… Reclamam por quê? Sim, há leitores comentando aspectos físicos da presidente da Apeoesp. Não era para comentar?  Não foi ela quem decidiu posar (Emir Sader escreveria “pousar”) abstendo-se de se associar a qualquer elemento que denotasse alguma agitação do espírito, alguma inquietude intelectual, alguma curiosidade de natureza científica?

Quem aceita aquele fundo vermelho, põe as mãos nas ancas, contrai (parece que sim) um tanto o abdômen e busca oferecer o seu melhor ângulo (o possível) está apelando ao terreno da estética, não ao da ética; está tentando provocar os nossos sentidos, não a nossa inteligência. Apelando mesmo à etimologia das duas palavras, que têm a mesma raiz, Bebel está mais ocupada em “seduzir” do que em “educar”. Seduziu?

Ela própria, reitero, reproduziu imagem e entrevista em seu blog, considerando, certamente, que ambas lhe são favoráveis. E a deselegância é minha? De jeito nenhum! Se Bebel quiser discutir, sei lá, Machado de Assis numa entrevista, eu topo. Só não poderei fazer aquele jogo de claros e escuros que o fotógrafo da Folha, bom profissional que é, fez. A minha entrevista iluminaria Bebel na sua inteireza. Como ela é uma professora, interesso-me mais pelos seus dons de pensamento do que pelos transes de sua ventura, como diria Bocage num de seus poemas mais existenciais, mais melancólicos. Eu não expus a presidente da Apeoesp a coisa nenhuma. Ela se expôs.

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Por mim, em vez de estar dando pinta de sindicalista e modelo, ela estaria com a cara enfiada em Machado. Por mim, não estaria há 15 anos longe da sala de aula, transformando a luta sindical numa profissão.

“Estou irritada porque tô com a perna peluda, acredita?”.

Acredito!

Isso é conversa de professora? Acho que ela presta dois desserviços à causa dos professores — e eles que avaliem como seu sindicato conduz “a luta”:
1 – transforma as reivindicações numa batalha político-eleitoral;
2 – evidencia que se aproveita da notoriedade para investir na mitologia pessoal. Essa conversa banaliza o professorado; deixa entrever a suspeita de despreparo intelectual, de uma mistura desagradável de sectarismo com vaidade rebaixada —  e, convenham, um tanto imotivada também.

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Digam-me os professores: o conjunto colabora com a causa? De fato, os aspectos físicos de Bebel jamais deveriam ser objeto de considerações de quem quer que fosse, incluindo os leitores deste blog. Só que ela clama por isso.

Posso ter sido um tanto injusto com Bebel em outras circunstâncias, não agora. Fiz a ela críticas que eram de natureza política, intelectual, ética até — de ética pública. E a gente nota que ela, no fundo, queria mesmo um juízo puramente estético.

Dado o conjunto da obra, resta-me afirmar que a boa notícia nisso tudo é ela estar afastada da sala de aula há 15 anos.

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