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Decisão do Supremo pode jogar a política nas mãos de outros Albertos Youssefs…

Este post é especialmente dirigido aos ministros do Supremo Tribunal Federal. A VEJA desta semana traz uma entrevista com Meire Poza, a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef. Ela é uma das principais testemunhas do inquérito que resulta da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que trouxe à luz um esquema de lavagem de dinheiro gerenciado pelo doleiro […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h18 - Publicado em 11 ago 2014, 16h43

Este post é especialmente dirigido aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

A VEJA desta semana traz uma entrevista com Meire Poza, a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef. Ela é uma das principais testemunhas do inquérito que resulta da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que trouxe à luz um esquema de lavagem de dinheiro gerenciado pelo doleiro que pode ter lavado nada menos de R$ 10 bilhões.

Muito bem, leitores. Note-se que o esquema gigantesco funcionava com desassombro enquanto se desenrolava, por exemplo, o processo do mensalão no Supremo. Algumas das figuras coroadas da política estavam indo para a cadeia, mas outros bandidos ousavam ainda mais, num esquema que envolvia políticos, funcionários da Petrobras, partidos e empreiteiras.

Então quero agora chamar a atenção de vocês para uma estupidez em curso. Está para ser concluída no Supremo — aguardando apenas um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes — a votação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que tornará ilegal a doação de empresas privadas a partidos e candidatos. Já há uma maioria para isso. É uma insanidade!

Se e quando acontecer, é claro que vão crescer exponencialmente as doações ilegais. Ora, será que o mensalão não ensinou nada aos ministros do Supremo que querem proibir as doações legais? Aquele escândalo não nasceu do caixa dois. É uma mentira! Tratava-se de um esquema de formação de um Congresso paralelo e da roubalheira de sempre.

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O mesmo se diga agora do escândalo apurado na operação Lava Jato. O que ele tem com doação de campanha? Nada! São apenas larápios se aproveitando de posições privilegiadas em partidos políticos e numa estatal para obter vantagens. Ora, o que nós percebemos? As empreiteiras queriam fazer um negócio com a Petrobras? Tinham de pagar um pedágio para Youssef, que depois distribuía parte do dinheiro para políticos. Prefeitos queriam grana? Pois não! Era só investir recursos da Prefeitura num fundo criado pelo doleiro e recebiam 10% de propina.

Digamos que as doações privadas de campanha passem a ser proibidas. Cabe, então, a pergunta óbvia: esquemas como esse deixarão de existir? A resposta é escandalosamente óbvia: é claro que não! Ao contrário! Se e quando isso acontecer, eles vão é se multiplicar. Não deixa de ser emblemático que seja justamente o PT — um dos partidos que mais apelaram aos serviços de Youssef — a legenda especialmente empenhada em proibir as doações privadas e instituir o financiamento público de campanha.

Alguém dirá: “Ah, mas nós queremos moralizar as doações; justamente impedir a interferência do poder econômico nas eleições…”. Ocorre, ministros, que os senhores estarão fazendo justamente o contrário! Quando proibirem as doações legais — aquelas registradas —, estarão deixando o sistema político brasileiro ainda mais à mercê de figuras sinistras como esse Alberto Youssef. Quando, então, a totalidade das doações privadas for para a clandestinidade, é gente como ele que passará a ditar as regras nos bastidores da política.

O julgamento ainda não acabou, e ministros podem mudar seu voto enquanto não se conclui a votação. Espero que homens e mulheres tão responsáveis ponham a mão na consciência e olhem direito para o que está em curso. Uma decisão desastrada pode unir, definitivamente, a política e o crime organizado. Será o pior dos mundos.

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