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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Decadente e derrotado, Olavo de Carvalho mobiliza os feios, sujos e malvados. Ou: O “Filósofo Sujo”

Guru de si mesmo e de alguns maltrapilhos intelectuais, o Vampiro da Virgínia exibe a gosma verde do rancor

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h42 - Publicado em 17 Maio 2016, 16h28

Caros, meu blog faz dez anos no dia 24 de junho. Ao longo desse tempo, conheci todas as baixarias de que são capazes os petralhas, com seu misto de ignorância e fanatismo. No mais das vezes, ignorei. A razão é simples: contavam comigo para aparecer e para sair dos escombros da irrelevância moral.

O mesmo fazem agora Olavo de Carvalho e seus esquisitos amestrados. À medida que o “mestre”, “o professor” e o “guia” vai enlouquecendo — e os sinais de paranoia e alheamento da realidade vão se tornando a cada dia mais evidentes; a questão é de química cerebral mesmo —, seus súditos intelectuais tentam emular o guru. Como a estes faltam as referências que o outro consegue manejar com certa destreza, apesar da discricionariedade e das idiossincrasias, sobra aos meliantes só o gosto pela grosseria, pelo baixo calão, pela vulgaridade.

Olavo se tornou servidor de uma candidatura à Presidência. Sim, a de Jair Bolsonaro. Espero que esteja ao menos sendo bem remunerado por isso. Conhecemos, no Brasil, o fenômeno dos “blogs sujos”. Olavo é o “filosofo” — e coloquem-se aspas aí — sujo. Se chegou a pensar com autonomia, em algum momento, e duvido crescentemente disso, esta desapareceu.

O que tirou Olavo da casinha? Respondo: a sua brutal incapacidade de ler a realidade.

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O “filósofo” jamais imaginou que Dilma sofreria um processo de impeachment. Tentou ser o condutor das massas nas jornadas de 2015 e 2016, mas ninguém sabia quem era ele, a não ser os feios, sujos e malvados de sempre. Os que seguiam as suas ideias só serviam para difamar um movimento que tinha e tem a democracia como valor inegociável.

Olavo de Carvalho, o bobalhão, e os bolsonaretes queriam “intervenção militar”. Não confiavam que o processo político — e democrático — se encarregaria de depor Dilma Rousseff. Eram entusiastas dos coturnos saneadores passando sobre Brasília “por um breve período”. Lixo!

O vampirismo
Ali por volta de novembro, a tese do impeachment deu uma esfriada — ao menos no noticiário. Quem acompanhava os bastidores da política sabia ser essa uma informação falsa. Bastou para o Vampiro da Virgínia — que se alimenta do sangue envenenado de fel e melancolia de seus seguidores feios, sujos e malvados — vir a público para anunciar que o impeachment não aconteceria porque movimentos como o MBL e jornalistas como eu haviam rendido a força das ruas aos… políticos.

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Olavo, o Sábio, aquele “que tinha razão”, queria tomar o Palácio de assalto. Certa feita, chegou a sugerir que os servidores não mais atendessem às ordens de Dilma. O que se queria o grande “pensador da direita” confundia a história com um conto de fadas.

Quem sabia, no entanto, onde se desenhava o futuro tinha clareza de que se vivia uma onda temporária de refluxo do movimento, que ele voltaria com toda a força, como voltou. E que os políticos eram essenciais para garantir a deposição dos petistas, SEGUNDO OS RIGORES DA LEI. SEM COTURNOS.

Olavo e seus feios, sujos e malvados foram desmoralizados. Eles estavam errados. A organização política e as instâncias da democracia derrubaram Dilma Rousseff.

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Ao “mestre” sobrou a luta contra fantasmas nos quais nem ele mesmo acredita. Essa impressão que Olavo passa de que enxerga comunistas até debaixo da cama é falsa como nota de US$ 3. O anticomunismo virou a sua profissão, virou seu meio de vida. Anunciar agentes de ordens secretas infiltrados em todas as instâncias do poder se tornou o seu ganha-pão — e não é de hoje.

A última tese do gênio é que o Foro de São Paulo agora tomou conta das Forças Armadas. Olavo ensina general a fazer guerra. E não em razão de sua inteligência superior, mas de sua loucura sem limites. A seu modo, é um gênio: transformou a paranoia alheia em fonte de renda. Não precisa pegar no pesado. É só sentar diante da tela e vomitar suas teorias alucinadas.

Seus seguidores se espalham na Internet. Não é preciso ser muito agudo para perceber patologias várias, conjugadas na expressão de uma ignorância agressiva, travestida de ilustração.

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Aqui e ali, enviam-me mensagens que o Vampiro da Virgínia divulga na rede. Segundo escreve, foi ele, lá de longe, o grande mentor da deposição de Dilma. É mesmo?

Olavo deveria voltar ao Brasil, arrumar um emprego para ganhar a vida honestamente e testar a sua popularidade nas ruas. Vamos ver quantos são os brasileiros que o reconhecem como inspiração.

Não! Não estou sugerindo um teste de popularidade para avaliar a qualidade da sua “filosofia” — esta já foi amplamente desmoralizada pela realidade. Estou propondo que ele vá ao povo para avaliar quantos reconhecem nas orientações desse guia genial o caminho da libertação.

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Só não digo que Olavo perdeu porque nunca houve a hipótese de ele ganhar. Este senhor lançou-se no mundo das ideias como astrólogo e vai terminar como prestidigitador, escondendo e tirando imposturas da cartola. Outro dia alguém me perguntou se ele era mesmo de extrema direita. Nem isso. É um extremista do oportunismo.

Ah, Olavo!!! Um pouco de Marx para defini-lo: eis “o bufão sério que não mais toma a história universal por uma comédia, mas a sua própria comédia pela história universal”.

A cada vez que tomo ciência de que ainda existe, lembro do garotinho de “O Sexto Sentido”: “Eu vejo gente mooorta!”.

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