De volta ao vício
“Há muitos anos não tinha um presidente que fez metade do que estamos fazendo. Quisera Deus que o presidente antes de mim tivesse feito metade do que eu fiz, teríamos nos desenvolvido muito mais (…) Na campanha diziam que a gente estava aumentando o programa porque tinha interesse eleitoral. Agora, vamos aumentar o Bolsa Família […]
É Lula falando aos presentes à 10ª Marcha dos Prefeitos. Ele já havia prometido solenemente não falar mais mal dos antecessores — leia-se: FHC, que é, de fato, o único que ele ataca. Lula não se conforma que sua biografia seja apenas inflada pelos seus admiradores — o que inclui, reconheça-se, a maioria dos brasileiros. Também precisa se comportar como um usurpador de reputações alheias.
O que lhe custaria reconhecer que seu governo tem soluções que dão continuidade a governos anteriores, especialmente os dois mandatos de FHC? Além de falar em nome de um projeto de poder que vive a mística da revolução silenciosa, há a questão pessoal: ele é vaidoso demais para se considerar uma personagem da história brasileira. Quer ser o seu demiurgo.