Da importância de ser prudente
Leia primeiro o post abaixo Tenho sido bastante crítico ao que considero excesso de markenting da Polícia do Rio, em particular a aspectos inexplicados e inexplicáveis, escancaradamente ilógicos, ligados à implementação das UPPs. Essa variante do policiamento comunitário, sob a coordenação da Secretaria de Segurança, não pode ter como premissa não prender bandido. E, infelizmente, […]
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Tenho sido bastante crítico ao que considero excesso de markenting da Polícia do Rio, em particular a aspectos inexplicados e inexplicáveis, escancaradamente ilógicos, ligados à implementação das UPPs. Essa variante do policiamento comunitário, sob a coordenação da Secretaria de Segurança, não pode ter como premissa não prender bandido. E, infelizmente, tem. Pode não ser uma orientação estampada em letra impressa, mas é o que se tem na prática. O horizonte para o qual essa política aponta não tem como ser bom.
A força publicitária das UPPs tem contribuído para mitigar a importância de uma questão central nas polícias do Rio: a sua contaminação pela bandidagem. É evidente que há milhares de policiais honestos, mas a degeneração moral é grande e antiga. Não é por outra razão que o BOPE virou um símbolo e, infelizmente, um mito: só reuniria gente honesta…
Não estou prejulgando ninguém, não! Mas o fato é que uma operação da Polícia Federal – que contou, consta, com a colaboração da Secretaria de Segurança – chegou à cúpula . Está preso o ex-subchefe da Polícia Civil do Rio Carlos Antônio Luiz Oliveira, que era até hoje – foi exonerado – subsecretário da Secretaria Especial de Ordem Pública da Prefeitura do Rio. Isso quer dizer que ele também é um homem politicamente influente.
Notem que essa gente, segundo apurou a PF, estava se aproveitando da política de ocupação “pacífica” dos morros para… praticar crimes! Vamos ver: é claro que a presença da polícia, nos morros, por meio de UPPs (ou que nome tenham) , é necessária – desde que isso não signifique acomodação com o crime bem-comportado e que bandidos sejam presos. É claro que os territórios ocupados pelo narcotráfico devem ser tomados de volta… Mas um dos problemas cruciais da segurança do Rio continua a ser, como se vê, a Polícia. Um pouco mais de cuidado com o samba-exaltação não faria mal a ninguém.
Procurando corpos
Há dias, conversamos aqui sobre a queda do índice de homicídios no Rio, que baixou para 30 por 100 mil habitantes, o que ainda é um escândalo. Um leitor que deu mostras de conhecer a questão no detalhe mandou um comentário: “Não caia nessa! O grande problema do Rio são as pessoas desaparecidas, aquelas que simplesmente somem nos morros, assassinadas pelo tráfico ou por gangues rivais. Os corpos desaparecem”. E contou algumas histórias de horror, falando sobre locais de desova etc. E pediu-me para não públicar o comentário porque, disse, poderia ser identificado. Não publiquei. Pode ser que ele tenha exagerado nos cuidados, não tenho como saber. O fato é que as notícias de hoje dão conta de que, com efeito, sabia do que estava falando.
Bem, menos mau que a Polícia Federal – com a ajuda, consta, da Secretaria de Segurança do Rio – tenha desbaratado essa quadrilha. A Polícia certamente ficará um pouquinho mais limpa. Mas que o episódio sirva de advertência contra o excesso de entusiasmo quase patriótico.
É um pouco cedo para conceder a Beltrame o Prêmio Nobel da Paz…