Conforme este blog antecipou no dia 22, país está em déficit primário
Queridos leitores, Vou falar aqui de déficit primário. Mas, antes, farei uma digressão que, em vez de nos distanciar do tema, mais nos aproxima. Meu compromisso, como jornalista, é com os fatos, não com os meus amores e meus ódios — estes, de resto, inexistem porque, diante da simples suspeita de que algo semelhante possa […]
Queridos leitores,
Vou falar aqui de déficit primário. Mas, antes, farei uma digressão que, em vez de nos distanciar do tema, mais nos aproxima.
Meu compromisso, como jornalista, é com os fatos, não com os meus amores e meus ódios — estes, de resto, inexistem porque, diante da simples suspeita de que algo semelhante possa brotar em mim, atuo para matar o mal na origem. O ódio escraviza. Talvez eu não seja um cristão exemplar por uma porção de razões, mas não por essa. De fato, a piedade logo toma em mim o lugar em que poderia brotar o ódio. E não pretendo mudar.
Ao longo dos anos, todas as críticas que fiz e faço ao PT e ao governo — e a outras forças políticas — estão centrada em valores. E eu não abro mão deles. Se e quando mudo de análise, aviso. Não cedo a pressões. Não cedo a patrulhas. Não cedo a baixarias. Tampouco me divertem os insucessos do governo, de Dilma, de quem quer que seja. Não vibro com desastres alheios, não tripudio. São sentimentos malignos.
Mas não deixo de dizer o que penso, por mais duro que seja — e desde que relevante para o país. Não é assim porque sou bom, mas porque sou decente. E procuro, na conversa diária com vocês, apontar cenários, antecipar tendências, acusar desacertos — e até acertos, se e quando os há.
Ficamos sabendo hoje que o Brasil teve um déficit primário inédito no primeiro semestre: R$ 1,598 bilhão. É o primeiro saldo negativo no período desde 1997, quando o Tesouro Nacional deu início a essa série de medições.
Muito bem. Quando o governo anunciou a redução do superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15%, escrevi aqui um post cujo título era este: “Levy é derrotado pela realidade; superávit será de 0,15% do PIB; o país já está em déficit primário”.
No texto, lia-se:
E o governo federal reduziu mesmo a meta de superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15%, conforme antecipou a Folha na sua edição desta quarta. Um pequeno corte no corte de 86,36%. Governo que planeja é assim. Não custa lembrar que essa meta foi definida há coisa de cinco meses. Há três dias Joaquim Levy se mostrava contrário até a que se reduzisse a dita-cuja de 1,1% para 0,4%, conforme propunha o senador Romero Jucá (PMDB-RR), mais realista do que o governo, sim, mas, ainda assim, muito otimista.
Previ nesta manhã que a reserva esperada para a amortização dos juros da dívida ficaria em R$ 9 bilhões. O governo anunciou hoje que será algo entre R$ 8,5 bilhões e R$ 9 bilhões. Por que você deve acreditar? Bem, você não deve.
(…)
Nesta manhã, afirmei que o país caminha para o déficit primário. Na verdade, os números divulgados pelo governo indicam que o país já está produzindo déficit primário: notem que o valor do novo corte do Orçamento praticamente coincide com tudo o que se espera economizar.
Os dados seguem devastadores para as contas públicas. O governo reduziu em R$ 46,7 bilhões a receita líquida esperada — ou quase 0,9% do PIB, mas a previsão de gastos aumentou em R$ 11,4 bilhões.”
Retomo
Aí está. Se um blog servir para que os leitores compreendam melhor a realidade, empregando os instrumentos da razão, ótimo. Esta página existe para isso e vai manter o seu eixo.
Um abraço.