Este blog — e isso quer dizer: “EU” — exclui comentários que tragam coisas como “Minas não aceita isso” ou “São Paulo rejeita aquilo…” A razão é simples: nenhum mineiro, nem o governador do estado, tem procuração para falar em nome de todos os mineiros.
Nenhum paulista, nem o governador de estado, tem procuração para falar em nome de todos os paulistas. Eu detesto isso. Essa caipirice regionalista é constrangedora. Eu não tenho o que fazer com esse tipo de obscurantismo; eu não tenho o que dizer a esse tipo de bocó.
A democracia representativa é a melhor das maneiras ruins — porque todas são — de viver em sociedade, entenderam? Este blog só acredita em indivíduos. Este blog tem desprezo solene por manadas. Assim, não me venham com essas correntes organizadas em nome de São Paulo, de Minas ou de Xiririca do Mato Dentro. A grande literatura, a grande arte, é sempre a literatura de um lugar, do rio de nossa aldeia, como disse Fernando Pessoa. Mas ou você diz o que há de universalmente interessante do rio de sua aldeia, ou vá caçar sapo na beira do brejo. Eu sei que há paulistas que acham que não se pode viver sem experimentar os mistérios da viola e do fumo de corda. Eu sei que há mineiros que acham que nenhum homem pode resistir à metafísica do pão de queijo. Mas eu lhes digo: vocês estão errados. E há quem tenha coisas muito interessantes a dizer desprezando esses mimos e brocados do localismo cafona.
Assim, poupem o Tio Rei dessa babaquice.