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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Com açúcar, com afeto

Caros, Sobre o post das 8h29 deste sábado, agradeço, claro, a solidariedade de todos vocês. Deveria ter informado que, aceitando os critérios do agressor, não publicaria nomes. Por isso cortei bem uns 100 comentários de apoio que identificavam este ou aquele. E peço que vocês continuem a evitá-los. No cardápio das patologias psíquicas, uma das […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h53 - Publicado em 9 fev 2008, 18h22
Caros,

Sobre o post das 8h29 deste sábado, agradeço, claro, a solidariedade de todos vocês. Deveria ter informado que, aceitando os critérios do agressor, não publicaria nomes. Por isso cortei bem uns 100 comentários de apoio que identificavam este ou aquele. E peço que vocês continuem a evitá-los. No cardápio das patologias psíquicas, uma das mais complicadas é a do moleque malcriado que está pedindo um tapão na orelha (é metáfora, viu, pardaloca?; não precisa sair gritando, desarvorada). Se a gente faz a sua vontade, então ele pode voltar para o único lugar em que se sente realizado: o da vítima. Chama para si a reação intempestiva para que possa, então, experimentar o único prazer genuíno de uma vida miserável: a autocomiseração.

Não é a primeira agressão — e talvez não seja a última — que me fazem. Estou acostumado. Já tentaram me colocar antes como a outra face de um mal que assola o jornalismo: o dos vagabundos que escrevem textos sob encomenda. O moleque sabe que é mentira? Sabe, sim. Ocorre que ele não está tentando ser justo, mas sagaz. Acredita que está fazendo política, defendendo o bem. Seus mentores intelectuais matavam pessoas. Mais modesto e impotente, ele se contenta em esmagar reputações. Não é de hoje.

Quais são os meus grandes pecados, afinal de contas? Enumero os mais conhecidos:
– Sou católico;
– Sou contra a descriminação das drogas: por questões práticas, seria impossível. E acho que o consumidor é parte do tráfico e do crime;
– Sou contra a legalização do aborto e da eutanásia;
– Milito contra todas as formas de censura do politicamente correto;
– Rejeito, de forma radical, que um ente de razão, um partido, chame para si a condição de condutor ou guardião da história;
Em suma, a minha pauta não é a da esquerda, ainda que esse esquerdismo bocó e de butique que costuma vicejar nas redações.

E, claro, isso não pode ser tolerado. O que vai acima, nas categorias para mim ainda vigentes, formam o perfil de uma pessoa dita “de direita”, designação que jamais me incomodou e contra a qual jamais reagi. Sim, o moleque me conhece. Já deve estar experimentando, a esta altura, parte daquele prazer que costuma haurir da mortificação por ter sido estúpido. Faz parte de sua pantomima moral. Detestaria estar no lugar dele. Prefiro ser alvo da peçonha — só não me peçam que não reaja — a ser o peçonhento. Pobre rapaz! Da nossa relação, que já foi de amizade, ele pode colecionar delicadezas e lhaneza, sem uma miserável falha que seja. No que lhe resta de individualidade, deve ser terrível saber que falo a verdade. Sou decente. Tenho vergonha na cara. E, acima de tudo, sou dono do meu nariz.

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Eu resto com a sua fraqueza moral costumeira, à qual, por piedade e senso de humanidade, não dava grande importância. Sempre soube me proteger de sua irrelevante covardia. Eu podia tolerar as nossas divergências, porque sempre posso. Ele, como se vê, não.

Divididos
O Comitê Censor se divide, às vezes, em relação ao que penso e escrevo. Seria eu só um direitista ruidoso ou integraria, sei lá, as hostes de um suposto “serrismo” na mídia, embora o Grande Mestre da turma do isentismo de propaganda sustente que “serrismo” e “petismo” são vizinhos? Depende do propósito da agressão. Se eu me deixasse pautar por esse debate vagabundo, poderia agora listar as inúmeras vezes em que divergi aqui do governador José Serra. Sim, eu sou “de direita”. Serra, infelizmente, não é.

Ocorre que eu não preciso provar que não sou “serrista”; eles precisam. Como a acusação de ser isso ou aquilo não fere o meu, digamos, marketing do “isentimo”, não dou a menor pelota para o que dizem de mim. Mas ele e seus mentores sentem a necessidade desesperada de atacar o governo do estado, ainda que sob o peso da estupidez, da vileza e da “lavagem” da fonte da notícia. Podem, assim, dizer ao PT: “Estão vendo? Nós somos independentes! Nós sabemos, se preciso, ser injustos com Serra ou com qualquer outro. Se necessário, revestiremos a trapaça com a aparência de jornalismo”. Eu não estou em busca da chancela, concedida pelo petismo, de “jornalismo de confiança”. Não olho o andar de baixo com distante compaixão. Porque não estou no andar de cima. Quem pensa assim confunde escada com revolução social.

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Atenção, petralhas! Eu não sou de confiança. Eles querem ser.

Poderia agora dizer: “Ah, isso não é contra mim, mas contra a VEJA”. Talvez, na intenção original, seja mesmo. Trata-se de algo importante, claro, nesse ambiente de caça às bruxas estimulado pelo petralhismo. Mas a mim excede o senso de ridículo que ao outro falta. A VEJA fala pela VEJA. Eu falo por mim. Atingir-me tentando atingir a revista é um erro estúpido de cálculo. Vocês não sabem como é bom poder escrever o que escrevo, incluindo este texto, sem ter de telefonar para pedir licença: “E aí? Ficou muito pesado ou tá bom?”

Porque eu sou, de fato e de metáfora, dono do meu nariz.

Sim, infelizmente, sobraram ataques também para os internautas deste blog, o mais lido e influente em sua área, para desgosto do rapazola e amigos. Afinal, esses democratas, esses homens de bem, esses tolerantes, gostariam de premiar aqueles de que discordam com o desamparo, o desemprego, a solidão. Assim, poderiam jogar uma moedinha no nosso chapéu, não sem antes admoestar: “Quem mandou pensar errado?”

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Que Deus tenha piedade do seu rancor e lhe mostre o caminho da liberdade. Por incrível que pareça, eu ainda lhe estenderia a mão, mesmo correndo o risco de levar outra dentada. Sou vacinado contra esses hidrófobos morais.

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