Capitalista faz pipi na cama e atrai bicho-papão

Ah, sim, a petralhada está indagando por que defendo tanto as empreiteiras no caso do acidente do Metrô de São Paulo. Eu? Vejam só: conheço banqueiros, donos de emissora de TV, industriais, fazendeiros… Ocorre-me que falta um empreiteiro na minha lista. Os banqueiros que conheço não batem carteira. Os donos de emissora não fazem lavagem cerebral. Os industriais não arrancam dedos de trabalhadores. Os fazendeiros não matam sem-terra. Quando eu conhecer um empreiteiro, talvez descubra que ele não tenha por passatempo soterrar pessoas. Claro, todos eles são capitalistas, vocês sabem… Essa gente não é de confiança e está sempre em busca do lucro, o que é uma coisa muito feia, que costuma envergonhar os brasileiros.
Desde que li Monteiro Lobato, indigna-me profundamente essa mania que Dona Zelite tem de querer estragar a nossa poesia cabocla. No Brasil, quem tem lucro deveria fazer pipi na cama e ser assombrado pelo bicho-papão.
Eu não defendo ninguém. Eu defendo que se aguarde o relatório do IPT, um dos órgãos com competência técnica para apresentar o laudo. Só por hipótese: digamos que ele não endosse o relatório da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) — ver nota de ontem. E aí? É claro que uma sombra de suspeição vai cobrir o documento.

Querem saber? Parece que estamos num campeonato: quanto mais apressadinho e irresponsável for quem acusa, melhor – mais credibilidade tem. Quem sabe isso tudo termine num ritual de purificação: a gente sai às ruas, ateia fogo às vestes e liquida de vez o capitalismo cúpido, que tanta infelicidade nos traz, feito aquele exército suicida que foi protestar contra a crucificação de Brian, no filme A Vida de Brian, do Monty Python.