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Caiado para Kassab: “Cafetão!”. Kassab para Caiado: “Mal-educado!”

O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), não é segredo para ninguém, articula, sim, a criação de um novo partido. Mais uma vez, uma das consequências será o enfraquecimento da oposição. Há uma adicional desta feita: diminuir o poder de fogo do PMDB. Então vamos ver: a) sim, Kassab está empenhado em recriar o PL […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h20 - Publicado em 13 jan 2015, 23h02

O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), não é segredo para ninguém, articula, sim, a criação de um novo partido. Mais uma vez, uma das consequências será o enfraquecimento da oposição. Há uma adicional desta feita: diminuir o poder de fogo do PMDB. Então vamos ver:
a) sim, Kassab está empenhado em recriar o PL (Partido Liberal);
b) se acontecer, deve atrair deputados e governadores para a nova sigla;
c) sob o pretexto de que funda uma nova legenda — hipótese em que políticos com mandato podem deixar seus respectivos partidos de origem —, deve conservar os quadros que tem hoje e arrebanhar outros.

A operação interessa duplamente ao Palácio do Planalto: enfraquece os adversários (oposicionistas) e o PMDB, que perderia poder de negociação. Também desta feita, Kassab recorre a uma posição de poder para redesenhar o quadro partidário. Por ocasião da criação do PSD, a sua condição de prefeito lhe dava o trânsito necessário para atrair “aliados”. Agora no poderoso Ministério das Cidades, a tarefa é facilitada.  

Kassab descobriu mesmo um jeito notável de fazer política — nada muito novo no Brasil, se pensarmos bem. Tendo como aparelho a Prefeitura de São Paulo, “fagocitou” o DEM; no Ministério das Cidades, vai tentar engolir um pedaço do PMDB.

Pois bem. Nesta terça-feira, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos mais duros opositores do governo Dilma, mandou brasa. Chamou Kassab de “cafetão do Palácio do Planalto”. Disse: “Em vez de se comportar como ministro, Kassab adota postura de cafetão e acha que deputados são garotas de programa para viabilizar o PL. Kassab se especializou em transformar política em pornografia”.

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O ministro reagiu com uma nota oficial, que segue:
“Desde sua posse, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, licenciou-se da presidência do PSD e está se dedicando, exclusivamente, a dar continuidade aos programas habitacional, de mobilidade, saneamento e acessibilidade desenvolvidos pelo governo federal. Como é de conhecimento público, Kassab já se reuniu com líderes de movimentos sociais e está visitando os Estados e as capitais para ampliar ainda mais as parcerias com governadores e prefeitos de todo o Brasil. Há exatos 7 dias no cargo, o ministro das Cidades já realizou 5 reuniões públicas de trabalho – em São Paulo e em Vitória – e já tem mais quatro agendas para esta semana, respectivamente no Rio de Janeiro e no Paraná. As críticas do deputado Ronaldo Caiado, portanto, não merecem comentário algum, porque, além de infundadas, seguramente são motivo de constrangimento para os seus pares, a sua própria legenda e seus eleitores pela falta de educação e compostura incompreensíveis.”  

Retomo
Sempre mantive um diálogo respeitoso com Kassab. Durante um bom tempo, estive entre os poucos na imprensa a reconhecer que a sua gestão era melhor do que faziam crer o PT e setores da imprensa. Fernando Haddad — com quem, parece, ele também pode se aliar, agora oficialmente — evidencia, ainda que fosse só por comparação, que eu estava certo.

Não me arrependo de ter defendido, sim, a sua (re)eleição em 2008 e de ter reconhecido os méritos de sua gestão. Melhor que eu o tenha elogiado quando era muito menos poderoso do que agora; quando ainda não era, como é próprio do cargo, um dos braços do governo federal.

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Não endosso os termos de Caiado, um político honesto e transparente, mas a sua crítica tem fundamento. Kassab passou a exercer um papel deletério na política brasileira, que poderia ser definido como “ganha-ganha”. Não há como não retornar àquela fórmula, que acabou assumindo tom jocoso, da legenda que ele inventara: “nem de esquerda, nem de direita, nem de centro”. Ele resolveu fundar o PMDB do B, no que essa legenda tem de mais deletério. Criou o seu próprio partido do poder.

No seio do oposicionista DEM, Kassab começou a criar o governista PSD; na eleição em São Paulo, de aliado de Geraldo Alckmin (PSDB), passou a ser esteio do oposicionista Paulo Skaf (PMDB); de adversário ferrenho dos petistas em 2008 e tido — embora isso nunca tenha sido verdade — como homem de José Serra, passou a ser considerado um dos braços operativos de Dilma.

Kassab conhece profundamente os bastidores dessa política que está aí, esta que, segundo consta, tem de ser reformada. Pelo visto, antes que o Planalto apresente a sua proposta, tentará dilapidar, por intermédio do ex-prefeito, o patrimônio da oposição e do PMDB. O atual ministro das Cidades é dono de uma conversa agradável. Conhece no detalhe as articulações de bastidores, quem é quem, quem quer o quê, quem articula com cada qual…

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Tornou-se um profissional desse jogo. E isso, desta feita, definitivamente não é um elogio.

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