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Bumlai se cala na CPI, mas sua trajetória começa a gritar

A Receita Federal abriu um procedimento para investigar a suspeita de que três dos quatro filhos do empresário somam R$ 166 milhões de patrimônio a descoberto

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h58 - Publicado em 2 dez 2015, 05h29

José Carlos Bumlai está indignado. Durante um longo tempo foi visto como o amigão do peito de Lula. Havia até um aviso na portaria do Palácio do Planalto que lhe franqueava a entrada quando lhe desse na telha. Com foto e tudo. O homem nunca se preocupou em negar a fama de amigo do Babalorixá. Agora, passou a ser um peso.

Bumlai deixou a cadeia para comparecer à CPI do BNDES, que emprestou mais de meio bilhão de reais às suas empresas — tudo de acordo com a lei, diz o banco. Não quis responder a nenhuma pergunta e se limitou a protestar: “Meu nome é José Carlos Bumlai, não é ‘amigo do Lula’”. Ele nunca se ocupou de fazer essa correção antes. Ao contrário, na condição de amigão do peito, esteve presente a alguns dos mais nebulosos casos da República, alguns deles investigados na Lava-Jato.

Não respondeu a nenhuma pergunta, mas reivindicou o berço do herói:
“As pessoas vão ter oportunidade de ver que não são verdade [as acusações]. Eu tenho princípios, eu tenho normas, jamais me deixei levar por amizade de A, B ou C. A minha vida foi construída pelo trabalho, com muito suor, morando em porões. Trabalhando, construindo parte desse Brasil que ninguém aqui sabe”.

Pois é… O chato pra ele é que diretores e sócios do grupo Schahin asseguram que o empréstimo de R$ 12 milhões que lhe foi concedido tinha como destinatário, na verdade, o PT. Quando se pensou em saldar a conta, ela já estava em R$ 60 milhões. E Salim Schahin, em delação premiada, foi explícito: o dinheiro jamais foi pago. A dívida simplesmente desapareceu porque Bumlai e Lula ajudaram o grupo a conquistar a operação do navio-sonda Vitória 10.000, sem licitação, é claro. Um negócio de US$ 1,6 bilhão.

Assim, a dívida sumiu. Ou melhor: foi paga, na prática, pela Petrobras.

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Um dos momentos mais tensos da CPI aconteceu quando a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) exortou Bumlai a contar tudo o que sabe. O Ministério Público desconfia que parte daquele empréstimo de R$ 12 milhões serviu para pagar um empresário que ameaçava envolver Lula no assassinato de Celso Daniel.

Luiz Alberto Gabrilli, pai de Mara, era dono de uma empresa de ônibus em Santo André e foi, segundo ela, extorquido pelos petistas — o dinheiro seria transferido para o partido. Há pessoas condenadas em primeira instância pelo esquema criminoso.

Uma das linhas de investigação do Ministério Público sustenta que Celso Daniel foi assassinado quando descobriu que havia desvio no desvio, vale dizer: parte das pessoas que praticavam as extorsões contra os empresários estava usando o dinheiro para enriquecimento pessoal, não apenas para transferir ao PT, conforme o combinado. Ele teria tentando estancar o processo e teria sido sequestrado e morto pela quadrilha de ex-aliados no dia 18 de janeiro de 2002. Para lembrar: ele era, então, o coordenador do programa de governo do candidato Lula.

Bumlai ouviu calado o discurso da deputada.

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A Folha informa na edição desta quarta que a Receita Federal abriu um procedimento para investigar a suspeita de que três dos quatro filhos de Bumlai somam R$ 166 milhões de patrimônio a descoberto — vale dizer: não existe renda para justificar o aumento de bens. O advogado da família nega irregularidades. Diz que a Receita desconsiderou a venda da fazenda Cristo Redentor, por R$ 195 milhões — aquela que foi comprada pelo banco BTG Pactual.

Bumlai estaria assustado com o fato de a investigação estar atingindo também seus familiares. O MP chegou a pedir a prisão temporária de Guilherme e Maurício, dois de seus quatro filhos, mas o pedido foi rejeitado pelo juiz Sergio Moro.

De todas as prisões, a de Bumlai é a que mais preocupa a alta cúpula do PT. Embora o empresário transitasse com desenvoltura no partido, a sua relação estreita era mesmo com Lula. O temor é que um não petista como ele, com uma têmpera não militante, seja pressionado pela família a dizer o que sabe.

E, nesse caso, todos têm a certeza de que há potencial para aniquilar o PT.

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