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Bovespa fecha com forte retração de 5,10% em um dos piores dias do ano

Na Folha Online:A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registrou a sua pior queda em quase dois meses na jornada desta segunda-feira. O prejuízo histórico da norte-americana AIG gerou um princípio de “quase pânico” no mercado, com investidores temendo mais balanços desastrosos de grandes instituições financeiras. O dólar fechou a R$ 2,44, a maior […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h06 - Publicado em 2 mar 2009, 21h17
Na Folha Online:
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registrou a sua pior queda em quase dois meses na jornada desta segunda-feira. O prejuízo histórico da norte-americana AIG gerou um princípio de “quase pânico” no mercado, com investidores temendo mais balanços desastrosos de grandes instituições financeiras. O dólar fechou a R$ 2,44, a maior taxa desde dezembro.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, desabou 5,10% no fechamento, aos 36.234 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,91 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em forte baixa de 4,24%, uma variação fora do normal para o mercado americano, caindo para abaixo dos 7.000 pontos pela primeira vez em mais de 11 anos.
“Tem muita gente no mercado achando que 2009 já é um ano perdido para as Bolsas de Valores. E o problema é que nós temos ainda mais dez meses pela frente”, comenta Ivanor Torres, analista da corretora gaúcha Geral. “[Com o resultado da AIG] A percepção geral é de que a situação é ainda mais crítica do que se imaginava. Mesmo com todas essas iniciativas dos governos para deter a crise, a sensação é que o revés é forte demais e vai demorar para melhorar”, acrescenta o profissional.
O prejuízo sem precedentes da seguradora AIG foi o estopim para as baixas das Bolsas
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,442, em alta de 3,03%, a maior disparada desde dezembro. A taxa de risco-país marca 454 pontos, número 8,09% acima da pontuação anterior.
O Banco Central evitou intervir no câmbio, mesmo com as oscilações bruscas do dia, o que criou expectativas pela abertura dos mercados amanhã.
“Todo mundo esperava que o Banco Central pudesse voltar e colocar um pouco de dólares no mercado, o que não ocorreu e isso com certeza contribuiu [para o dólar de hoje]. Vamos ver como fica amanhã: o mercado vai querer ver se o BC vai ficar de fora de novo caso a taxa inicie o dia com uma alta forte”, afirmou Luiz Fernando Moreira, profissional da mesa de operações da corretora Dascam.

Perdas sem precedentes
O mercado foi varrido por uma onda de nervosismo após a gigante americana de seguros AIG ter anunciado um prejuízo sem precedentes de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre. As perdas históricas dessa empresa desencadearam o temor de que outras instituições financeiras, também fortemente comprometidas pela crise dos créditos “subprimes”, abram números tão ruins quanto a seguradora, que deve receber uma injeção de US$ 30 bilhões a título de ajuda oficial.
Outro banco de grande porte, o banco britânico HSBC, reportou resultados também desanimadores: a instituição apurou um lucro de US$ 5,728 bilhões em 2008, número 70% abaixo do registrado no exercício anterior. O grupo financeiro também comunicou o fechamento de 800 agências e a demissão de 6.100 funcionários nos Estados Unidos.
O balanço da AIG foi o estopim mas não o único motivo para a derrocada das Bolsas e a corrida pelo dólar nos mercados globais. Os indicadores da Ásia, Europa e EUA reforçaram a percepção de uma forte contração da economia global, o que contribui para elevar o nível de aversão ao risco.
Nos EUA, o ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês) apontou que o setor manufatureiro teve o 13º mês consecutivo de contração. E em um das poucas notícias positivas do dia, o governo americano informou que o volume de gastos do consumidor teve alta de 0,6% em janeiro, interrompendo uma sequência de seis meses de retração consecutiva deste indicador. Já a renda das famílias teve um aumento de 0,4%. Os números estão bem melhores do que o consenso entre os analistas do setor financeiro.
No Japão, as vendas de carros despencaram 32,5% em janeiro, a pior queda desde 1974. Na Itália, uma das maiores economias da Europa, o PIB (Produto Interno Bruto) teve contração de 1% em 2008, segundo o o Istat (Instituto Nacional de Estatística, na sigla em italiano).
No front doméstico, o boletim Focus revelou que a maioria dos economistas de bancos e corretoras aumentou suas “apostas” num corte agressivo da taxa básica de juros neste ano: atualmente em 12,75% ao ano, a chamada “Selic” deve cair para 10,25% até dezembro. Anteriormente, a taxa projetada era de 10,38%.


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