Blairo Maggi: “Com roupa de policial, garotos acham que vêm salvar o mundo”
Por Rodrigo Vargas, na Folha:Após se envolver em polêmicas com o novo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), resolveu centrar fogo no combate da Polícia Federal à devastação da Amazônia. Em entrevista à Folha, criticou os agentes que chegam com “metralhadoras na mão” e disse que os dados […]
Após se envolver em polêmicas com o novo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), resolveu centrar fogo no combate da Polícia Federal à devastação da Amazônia. Em entrevista à Folha, criticou os agentes que chegam com “metralhadoras na mão” e disse que os dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) -“que não existem”- forçam operações como a Arco de Fogo.
“Você pega uns garotos novos, que vêm do Sul e Sudeste, dá uma roupa de policial, uma metralhadora, e ele chega aqui achando que vem salvar o mundo. Bate uma foto e mostra para a mãe lá no Sul: “Estou salvando a Amazônia’”, disse Blairo, para quem Mato Grosso “não deveria sofrer a pressão que vem sofrendo, já que os números não estão corretos”.
Na entrevista, o governador disse ainda que se decepcionou com o novo ministro -que chegou a dizer que Blairo, se pudesse, plantaria soja “até nos Andes”- e negou que tenha pressionado pela saída de Marina Silva do Meio Ambiente.
BLAIRO MAGGI – Ele me decepcionou, de certa forma, porque eu não conheço o Minc. Ele não me conhece, não conhece Mato Grosso e a Amazônia. Portanto, ele não conhece as causas dos problemas amazônicos nem ações que o governo de Mato Grosso e os setores produtivos têm feito para minorar esse problema do desmatamento. E os números mostram que temos tido um ganho substancial nessa questão de 2005 para cá, quando tivemos redução de mais de 70%. Espero que, com o tempo e as oportunidades que ele terá de vir à região, a gente possa se conhecer.
FOLHA – O sr. diz que Mato Grosso é vítima de preconceito. O que o leva a pensar assim?
BLAIRO – As pessoas que vivem nesta região vieram dentro de um programa de governo. Elas produzem alimentos -e não coisas desnecessárias para a humanidade. Tudo o que se produz aqui é necessário em alguma parte do Brasil. Então, não há um reconhecimento disso. Simplesmente, de um dia para o outro, alguém chega e diz: “Vocês não são importantes, não são necessários, podem ficar de fora, podem quebrar suas economias, explodir as cidades de vocês, podem fechar as escolas que são mantidas com o dinheiro dos impostos da produção agrícola”.
FOLHA – A posição não se baseia no fato de que há desmatamento?
BLAIRO – As pessoas precisam voltar a entender que não se faz omelete sem quebrar ovos e que existe a necessidade de ocupação do espaço. Não se faz nenhum alimento, em nenhum lugar do mundo, sem que os biomas não sejam alterados. Precisamos ter reconhecimento da importância do agronegócio, desde as grandes propriedades até a agricultura familiar.