BC forçou bancos a salvar PanAmericano
Por Mario Cesar Carvalho e Leonardo Souza, na Folha: O PanAmericano só recebeu o socorro extra de R$ 1,3 bilhão depois que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, veio em viagem de emergência da Suíça para São Paulo e pediu aos principais banqueiros do país “uma solução de mercado” para o rombo. Os banqueiros, […]
Por Mario Cesar Carvalho e Leonardo Souza, na Folha:
O PanAmericano só recebeu o socorro extra de R$ 1,3 bilhão depois que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, veio em viagem de emergência da Suíça para São Paulo e pediu aos principais banqueiros do país “uma solução de mercado” para o rombo. Os banqueiros, representados pelo Fundo Garantidor de Créditos, não queriam dar mais dinheiro a Silvio Santos porque sentiram-se enganados por ele -já haviam emprestado R$ 2,5 bilhões em novembro e receberam como garantia bens e empresas que não atingiam esse valor.
Uma das sugestões do fundo era que o PanAmericano fosse submetido a um regime de administração especial, pelo qual seria possível tomar algum patrimônio de Silvio e processá-lo pela quebra do banco. Sem esse tipo de intervenção, é remota a possibilidade de incluir o apresentador no processo porque ele não tem cargo no banco. A reunião de emergência na qual se selou o destino do PanAmericano aconteceu no último dia 30, um domingo, no prédio do Banco Central em São Paulo, na avenida Paulista. Lá estavam Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco (respectivamente, presidente do conselho e presidente do Bradesco), Fábio Barbosa (presidente do Santander), Gabriel Jorge Ferreira (presidente do fundo) e Antonio Carlos Bueno (diretor da entidade).
Na sexta-feira anterior, no dia 28, esse mesmo grupo -acrescido de Roberto Setubal, do Itaú Unibanco, havia decidido que não daria um centavo a mais a Silvio. Ao saber dessa decisão na Suíça, o presidente do BC pediu um encontro com o fundo, criado pelos bancos para sanear instituições em risco financeiro.
INTERVENÇÃO
Tombini argumentou que a intervenção do BC poderia causar danos muito maiores ao sistema bancário do que o prejuízo de mais de R$ 3 bilhões que o fundo assumiria. Uma ação da autoridade monetária levantaria suspeitas sobre a saúde financeira de outros bancos, o que poderia gerar uma onda de saques. Aqui