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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Áudio em que Renan Santos, do MBL, critica a extrema direita é usado por esquerdistas para atacar movimento

Na fala, um dos coordenadores nacionais do grupo afirma o óbvio: eles trabalharam em favor do impeachment em parceria com os partidos de oposição. Ainda bem!

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 02h14 - Publicado em 13 Maio 2016, 22h31

Existe uma ação orquestrada para tentar caçar e cassar o MBL, o Movimento Brasil Livre. Os promotores de tais ações estão, como seria de se esperar, abrigados nos grupelhos de esquerda e no PT. Mas também se encontram infiltrados na chamada grande imprensa.

Há um esforço óbvio para tentar criminalizar o movimento. É compreensível, embora detestável. O MBL integrou a vanguarda dos grupos que levaram o povo às ruas em favor do impeachment. É consenso que Dilma não seria hoje presidente afastada, para o bem do Brasil, se o grande protesto do dia 13 de março deste ano tivesse dado com os burros n’água. Mas não deu. E os jumentos tiveram de voltar a pastar.

Abaixo, vou falar de um áudio que circula por aí, de autoria de Renan Santos, um dos mais articulados e preparados coordenadores nacionais do MBL. Trata-se de uma avaliação desairosa que ele faz dos grupos de extrema direita. E está certíssimo! Demonstra que sua agenda é furada e traça um perfil psicológico da turma chegada a um coturno que me parece exemplar.

Renan também informa que o MBL está, sim, trabalhando em parceria com os partidos de oposição. Leiam a transcrição exata da sua fala. Volto em seguida.

“O lance é assim. Bom, vocês já sabem, não preciso nem falar pra vocês. Ali [RENAN FALA DA EXTREMA-DIREITA] é um monte de garoto. Garotos, mulheres, sociopatas, com comportamento social errático, com poucos amigos, com várias frustrações psicológicas. Frustrações pessoais, afetivas e tal. E que acabam encontrando este discurso ‘Ah sou conserva, sou reaça, opressor’. Maior mentira, eles não oprimem! Mentira! São uns coitados! É uma gente que vê, por exemplo, no comportamento do Olavo, meio falastrão, fumando, falando palavrão, no Bolsonaro, uma redenção pra a própria miséria deles próprios. E acabam entrando nessa idolatria.

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E aí eles veem no MBL — o MBL incomoda muito por causa disso — Eles veem no MBL, o contrário, eles veem um monte de gente que tem uma postura aberta, cara de pau mas, ao mesmo tempo, qualificado. A maior parte da galera do MBL é alegre. Você pega da galera da Banda Loka no RS, a galera do Nordeste, todo mundo é muito leve. E isso incomoda eles. Ser leve, ser agradável, ser tranquilo, ser inteligente.

Não precisa ficar incorrendo nisso. Isso incomoda o cara, o cara é negativo. Eles não gostam de ir numa boa festa, de dar risada. Eles acham que estão numa missão, quase religiosa. Pessoas pesadas, né?. Então é natural que eles percam tempo e façam hangouts sobre a gente enquanto a gente tá ai tocando nossas coisas.

O MBL acabou de fechar com o PSDB, DEM e PMDB uma articulação pra eles ajudarem. Ah, e também com a Força Sindical, que é o Paulinho né?, pra divulgar o dia 13. Usando as máquinas deles também. Enfim, usar uma força que a gente nunca teve. E foi o MBL que montou isso. A gente está costurando com todos eles pra ter o Impeachment.

Então a gente tá em outra, a gente tá realmente causando problemas pra Dilma. E eles estão numa outra, eles estão lá tentando resolver os traumas e as frustrações deles e projetando na gente tudo aquilo que eles gostariam de ser mas não são. Então, deixa eles. Raquel, a gente já conhece teu trabalho, vamos embora, vamos vencer. Muita gente nossa já sofreu este tipo de coisa. A Ana sofre em Goiás. Eu já sofri ataques desse Alex Brun. O Kim, coitado! Mas dane-se. A vida continua. O MBL continua, e continua crescendo, a despeito deles. Gostem eles ou não.”

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Voltei
Renan está de parabéns. Pelo diagnóstico e pelo prognóstico. Que bom que o movimento passou a trabalhar com os partidos políticos. Os movimentos de oposição ao PT nunca souberam se organizar direito. Enquanto as esquerdas transformam suas minorias barulhentas em vozes influentes, a maioria, sempre silenciosa, era vencida por sua desorganização.

Foi preciso, sim, combater a extrema direita, que não acreditava no impeachment e pregava intervenção militar.

Pois é… Agora, há meliantes disfarçados de jornalistas, gente que está a serviço da reação, que tenta criminalizar o movimento, vendo nessa parceria com partidos políticos irregularidades que não existem. E não é de hoje.

Um breve histórico
Desde que passou a defender o impeachment com base na tese do jurista Ives Gandra Martins (aqui), o MBL (Movimento Brasil Livre) vinha defendendo a participação ativa dos partidos políticos que faziam oposição ao governo Dilma nas manifestações. Para lembrar: antes, duras críticas foram feitas a esses partidos, principalmente nas manifestações dos dias 15 de março e 12 de abril de 2015.

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Para cobrar com ainda mais convicção a adesão dos partidos políticos, o MBL organizou a Marcha Pela Liberdade, caminhada de mais de mil quilômetros, que durou 33 dias. Coordenadores do movimento foram de São Paulo a Brasília para protocolar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Quando chegaram à Câmara dos Deputados, foram recebidos por diversos parlamentares de oposição, que, depois de muita pressão, decidiram apoiar a denúncia.

Assim, o MBL convocou a manifestação do dia 16 de agosto, a primeira que contou com o apoio oficial de setores da oposição, e pressionou para que a denúncia fosse acolhida pela Câmara.

Apesar da multidão que tomou as ruas, a pressão ainda não era suficiente. Por isso, o MBL organizou um acampamento em frente ao Congresso Nacional para pressionar, física e diariamente, parlamentares e o presidente da Câmara. Depois de um mês, Cunha fez um acordo com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Rodrigo Rollemberg (PSB), governador do DF, para expulsar os manifestantes do gramado do Congresso. Mesmo assim, a denúncia foi acolhida uma semana depois.

Logo após o acolhimento do pedido de impeachment, no final de 2015, o MBL iniciou a campanha #EsseImpeachmentÉMeu! (aqui), que era “Creative Commons”, ou seja, não tinha direitos autorais, e que teve por objetivo desconstruir a narrativa governista de que o processo de impeachment era um mero embate político entre Dilma Rousseff e Eduardo Cunha.

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Com ela, o movimento promoveu a grande manifestação do dia 13 de março de 2016, além de deixar claro que o impeachment era uma batalha do povo brasileiro — que sofre com o desemprego, a inflação, a crise política e a crise moral — contra o partido que se apoderou do estado para financiar um projeto de poder.

Por fim, a campanha foi um grande sucesso. O discurso governista caiu por terra. A manifestação do dia 13 foi a maior da história do país, superando os protestos das “Diretas-Já” e do “Fora Collor”. O evento contou com a presença e os discursos de parlamentares de praticamente todos os partidos da então oposição. Dilma Rousseff, no dia 11 de maio de 2016, foi afastada da Presidência da República.

Ignorando ou fingindo ignorar todo esse trabalho, pessoas de má índole tentam difamar o MBL, utilizando um áudio (transcrito abaixo) de autoria do coordenador nacional Renan Santos para insinuar que o movimento é financiado por partidos de oposição.

A moçada do Brasil Livre já está acostumada, creio, com a canalhice petralha e direitalha. Já foram acusados de ser financiados pela CIA, pelos bilionários irmãos Koch e, agora, inventam a história de que são meros esbirros de partidos de oposição. Trata-se de técnicas de intimidação.

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Como diria Renan, “Danem-se. A vida continua. O MBL continua, e continua crescendo, a despeito deles. Gostem eles ou não”.

Os reaças de esquerda e de extrema direita sabem que a deposição de Dilma Rousseff é só o começo. E por isso se dedicam à intimidação.

Ah, sim! Parabéns, Renan! Seu diagnóstico é exato.

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