Elio Gaspari escreve neste domingo que “
Freud Godoy precisa ser explicitamente exonerado das suspeitas que o levaram a um patíbulo moral. De acordo com o atual estágio das investigações das traficâncias petistas, ele nada teve a ver com o episódio do dossiê Vedoin. Enquanto houver alguém assegurando o contrário, a injustiça e o linchamento prevalecerão sobre a lei e o direito.” Mais adiante, num trocadilho nada sutil, observa: “
Na madrugada de sexta-feira, 15 de setembro, o tabajara Gedimar Passos, preso enquanto mercadejava o dossiê por R$ 1,7 milhão, contou à Polícia Federal que agiu “a mando” de um capa-preta do PT ‘chamado Froude ou Freud’.” Entendo. Um homem que “mercadejava” só podia ser um
mercadejante no particípio presente… (
clique aqui para ler toda a coluna). É possível que Gaspari esteja, então, falando com Lula, que foi quem demitiu Freud. A imprensa se limitou a ligar o nome (ou ruído) – “Freud ou Froude” – à pessoa. Se Gaspari estiver certo, do que não estou certo (até porque Freud parece gostar de estar em lugares errados na hora errada), Lula é também um juiz especialmente cruel com seguranças, mas um tanto hesitante com bandidos do “andar de cima”, para homenagear um expressão de que Gaspari gosta tanto. Basta notar a celeridade com que o porta-malas foi afastado e a dificuldade para punir a quadrilha. Freud, a essa altura, já não é uma homem, mas uma metonímia. É a parte que vale pelo todo. Tanto interesse em acusá-lo ou em inocentá-lo mira a Presidência da República. Vamos proteger, se for o caso, este inocente. Mas ele não era o único da cozinha presidencial envolvido na trama. De resto, pode não haver contra Freud indícios que bastam, mas é cedo para descaracterizar os que há. Quem botou o homem para assar foi Lula, não a imprensa. Claro que os jornalistas não precisam ser churrasqueiros, como Lula e Lorenzetti. Mas a gente conhece Freud há três semanas; Lula, há 20 anos.