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Reinaldo Azevedo

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Araguaia era vigiado desde os anos 60

Por Leonencio Nossa, no Estadão: Nos últimos 37 anos, o Exército e o PC do B mantiveram a mesma versão sobre a descoberta da Guerrilha do Araguaia, em 1972. As histórias oficiais dos dois lados do conflito no Bico do Papagaio destacam que os militares chegaram à área após os depoimentos sob tortura dos ex-guerrilheiros […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 21h56 - Publicado em 25 jun 2009, 06h21

Por Leonencio Nossa, no Estadão:
Nos últimos 37 anos, o Exército e o PC do B mantiveram a mesma versão sobre a descoberta da Guerrilha do Araguaia, em 1972. As histórias oficiais dos dois lados do conflito no Bico do Papagaio destacam que os militares chegaram à área após os depoimentos sob tortura dos ex-guerrilheiros Tereza Cristina e Pedro Albuquerque Neto, presos em fevereiro daquele ano. É uma ferida que costuma ser reaberta com frequência.
O casal, que vive em Fortaleza, nunca mais voltou à região da guerrilha. Mas é numa fazenda de 200 alqueires, em São Geraldo do Araguaia, a 20 quilômetros do Rio Araguaia, que mora um personagem da história do conflito que tem uma versão diferente sobre a descoberta do foco guerrilheiro comunista.
Ex-informante do Exército e ao mesmo tempo carteiro dos guerrilheiros, o fazendeiro Clobiniano Alves, de 63 anos, relata que meses antes da prisão de Pedro e Tereza, agentes de inteligência já tinham informações bem detalhadas da guerrilha e de comandantes de destacamentos, como Osvaldo Orlando Costa, o Osvaldão, e Paulo Mendes Rodrigues, o Paulo.
De uma família tradicional de barqueiros no Araguaia e no Tocantins, Clobiniano contou ao Estado, demonstrando tranquilidade, que viu Pedro retornar preso como um “papagaio” para localizar sítios ocupados pelos guerrilheiros. Antes disso, o barqueiro presenciou diversos moradores darem informações aos militares sobre os “paulistas”, como os guerrilheiros eram conhecidos na região.
O próprio Clobianiano diz que deu longos depoimentos ao Exército. “Eu era neutro. Fiquei do lado do Exército porque era o lado forte. Era obrigado a dizer quem era guerrilheiro. Era o meu trabalho”, relata.
Numa cadeira de plástico, na varanda de sua fazenda, Clobiniano relata que recebia pelo “trabalho”. O serviço era forçado, segundo ele.
O barqueiro levava os rádios dos guerrilheiros para consertar em Imperatriz e comprava lanternas, pilhas e pacotes de cigarros Continental. Era o responsável também pela compra, numa loja da Souza Cruz, de uma caixa de charuto por mês para os líderes da guerrilha.
“Antes do rapaz (Pedro Albuquerque) aparecer preso, os militares já estavam aqui disfarçados de garimpeiro, vaqueiro, roçador e marinheiro”, conta. Aqui

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