Aquecimento global: apocalíptico ou ponderado?
Não. Eu não sou um, como vou dizer?, negacionista. Parece que há mesmo algum aquecimento global, embora essa minha concessão (para ser um homem de companhia) seja obrigada a ignorar algumas realidades. Os dados estão sendo compilados, mas é possível, por exemplo, que os EUA tenham tido a Páscoa mais fria de sua história (saiba […]
Um deles é Paulo Artaxo, físico e professor da Universidade de São Paulo. É um dos quatro brasileiros que integram o grupo de cientistas que fizeram o relatório sobre os impactos no planeta das mudanças climáticas. Informava o Estadão On Line no dia 2 de fevereiro deste ano: “O aquecimento global pode ter um impacto drástico na Amazônia, região que pode sofrer um aumento de temperatura superior à média global e redução de chuvas, o que levaria à transformação de parte da maior floresta tropical do mundo em cerrado. A previsão foi feita pelo físico brasileiro Paulo Artaxo, um dos autores do relatório do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), divulgado nesta sexta-feira, 2, em Paris. Em entrevista à BBC Brasil, o físico afirmou que a temperatura na Amazônia deve aumentar 5° C até 2100, uma elevação superior à previsão de 1,8°C a 4°C para o resto do mundo. O cálculo foi feito por técnicos brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com base nas conclusões dos cientistas do IPCC.” (leia íntegra aqui). Preocupante? Deveras.
Qual é o meu problema com o aquecimento global? Será que eu quero aquecer o planeta? Será que ganho alguma coisa com isso? Gosto só de caminhar na contramão? Não. Sou contra a religião do aquecimento global — uma religião primitiva, que ainda precisa assustar os crentes com escatologias, com o anúncio do fim do mundo, como o que se lê acima. O que me deixa um tanto indignado é que os mesmos apocalípticos, quando falam em ambientes fechados, costumam ser bem mais comedidos, relativizando suas previsões.
É o caso de Artaxo, que concedeu, recentemente, uma palestra no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), onde, certamente, seu saber pode ser confrontado com ciência, não com crendice. Ali ele foi questionado sobre a ação humana no aquecimento global. Sua resposta: “Dadas as incertezas dos modelos e a pobreza do sistema observacional terrestre, é muito difícil você dizer que tem cem por cento de certeza que o efeito é antropogênico“. Em suma, ele não tem certeza do que provoca o aquecimento global, mas está certo de que a Amazônia vai pro beleléu.
Desde o começo dessa história, a única coisa que peço é um pouco mais de racionalidade. E que se fique atento à falibilidade dos modelos. Isso é importante? É. Não para postergar respostas, mas para encontrá-las, já que se vive um impasse político óbvio. Para ouvir a resposta do professor, clique aqui.