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Ao Conselho de Ética, delator confirma repasse de R$ 4 mi para Eduardo Cunha

Fernando Baiano detalhou que se aproximou do presidente da Câmara dos Deputados em 2010, após um pedido de doações para sua campanha eleitoral

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h54 - Publicado em 26 abr 2016, 20h41

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
O lobista Fernando Baiano, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira que fez pessoalmente repasses no total de 4 milhões de reais ao presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entre 2011 e 2012. Esse valor seria referente ao pagamento de propina no esquema de corrupção da Petrobras. Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro e responde a processo administrativo que pode levá-lo à cassação do mandato.

A oitiva de Baiano foi marcada por restrições ainda inéditas no colegiado: o lobista, apontado pela Lava Jato como o operador de propinas para o PMDB, foi ouvido sem a presença de câmeras de filmagens ou fotográficas. Dizendo-se “constrangido”, ele compareceu ao plenário do conselho somente após a retirada dos aparelhos eletrônicos e de pessoas que, diante da sala lotada, se mantinham em pé. A defesa ainda tentou que a sessão fosse secreta, com a presença apenas de parlamentares, mas o pedido foi rejeitado.

Aos deputados, Baiano detalhou que se aproximou de Eduardo Cunha em 2010, após um pedido de doações financeiras para sua campanha eleitoral. O operador do PMDB afirmou ao peemedebista que as empresas que representava, por serem estrangeiras, não poderiam fazer as doações, mas mostrou outro caminho de conseguir o repasse: utilizando de sua influência política para pressionar o lobista Júlio Camargo a pagar a Baiano uma propina de inicialmente 16 milhões de reais, mas que acabou reduzida a 10 milhões. Se conseguisse, pagaria 50% do valor em comissão.

“Foi uma relação de troca”, resume Baiano. “Tenho conhecimento de que ele recebeu em torno de 4 milhões de reais por mim e tinha ainda uma dívida de 3 milhões. Pelos cálculos, eram 7 milhões de reais que o Júlio deveria pagar. Acabou-se chegando a um acordo que pagaria 6 milhões, mas pelas contas que eu tenho deve ter recebido no máximo 5 milhões de reais”, afirmou.

A pressão de Cunha, conforme o depoente, se deu por meio da apresentação de requerimentos perante a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara que prejudicavam o grupo Mitsui, ao qual Júlio Camargo era ligado. Os requerimentos foram apresentados pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada do peemedebista. Os repasses foram liberados após a investida de Eduardo Cunha.

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Baiano afirmou que o dinheiro foi repassado por Júlio Camargo às contas mantidas no exterior pelo doleiro Alberto Youssef, que mandava o repasse de volta ao Brasil. Foram feitos, segundo o delator, entre cinco e seis repasses em espécie para pessoas indicadas por Eduardo Cunha. Baiano afirma ter visitado diversas vezes o presidente da Câmara em sua casa e no seu escritório, no Rio de Janeiro, e também diretamente em seu gabinete em Brasília.

O depoente ainda negou ser operador do PMDB: disse que, na verdade, em alguns de seus negócios na Petrobras foram solicitadas vantagens indevidas para políticos da legenda. “Em todo lugar tem gente boa e gente ruim. Não é verdade quando tentam imputar a corrupção aos empresários. A não ser o caso do Eduardo Cunha, eu nunca procurei nenhum político para oferecer dinheiro. Os pleitos sempre vinham dos políticos utilizando agentes políticos nas empresas públicas. Não são os empresários culpados pelo o que está acontecendo”, afirmou.

Contas – Embora tenha arrastado Cunha para o escândalo de corrupção da Petrobras, o que já havia feito em acordo de delação, Fernando Baiano não tratou diretamente das contas mantidas pelo peemedebista no exterior, que é justamente o objeto da ação no Conselho de Ética. Cunha é alvo de processo por quebra de decoro por ter mentido à CPI da Petrobras sobre a manutenção dessas contas, que, de acordo com a Lava Jato, eram usadas para receber propina de dinheiro desviado da Petrobras. O delator disse que jamais fez repasses para contas do peemedebista, já que o acordo era que os pagamentos se dariam em espécie. Ele disse ainda desconhecer a existência de contas de Cunha no exterior.

A defesa de Eduardo Cunha tenta impugnar o depoimento sob o argumento de que não trata da denúncia oferecida ao Conselho de Ética. O vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), também já deu decisão de tornar nulas as provas que não estejam relacionadas ao escopo inicial. O comando do colegiado, no entanto, rebate que as novas informações surgidas ao longo das investigações não podem ser desconsideradas.

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