AÉCIO JÁ É VICE DE SERRA? É A ÚLTIMA DO JORNALISMO FRANKLINSTEIN
O jornalismo “franklinstein” deu o ar de sua graça. O que é “jornalismo franklinstein”? É um monstrengo formado pela colagem de várias imposturas, todas elas a serviço do lulo-petismo. Quem não conhece como se fabricam salsichas e algumas “notícias” pode até cair na conversa. A que me refiro? A essa história de que os governadores […]
Comecemos pelo óbvio. É mentira! Não se fez acordo nenhum. Em si, trata-se de uma bobagem factual e conceitual. É bobagem factual porque o acordo não aconteceu, como sabem Serra e Aécio — afinal, ainda os maiores interessados ou envolvidos na história. É uma bobagem conceitual porque ninguém faz acordo em maio para só divulgar em setembro. Não se faz política assim. MAIS ENGRAÇADO: A SUPOSTA NOTÍCIA VEM ACOMPANHADA DA ADVERTÊNCIA DE QUE AS PARTES ENVOLVIDAS VÃO NEGAR TUDO. Aí fica fácil, né? Claro que vão! Trata-se de uma invencionice.A tática é bisonha: a maior prova de que a mentira é verdadeira estaria, então, em não haver como prová-la. Parece coisa desses malucos que estão certos de que a Terra é visitada por discos voadores. Quando você pede uma evidência mínima que seja, com os olhos meio arregalados e aquele ar de esperteza suprema, dizem: “A NASA esconde tudo”. Assim, a maior prova de que existem discos voadores é não haver provas de que existem discos voadores. A maior prova de que Aécio já fez acordo para ser vice de Serra está, então, no fato de Aécio e Serra negarem o acordo. Esse tipo de prática não é nova no jornalismo. É antiqüíssima, mas havia desaparecido. Foi ressuscitada pelo franklinsteinismo. Lula está para Getúlio Vargas mais ou menos como esse pessoal está para Samuel Wainer. Continuemos.
AÉCIO PODE SER VICE?
Aécio pode ser vice de Serra? Claro que sim. No mundo das possibilidades, pode acontecer até o contrário, embora, de fato, a segunda opção seja, na bolsa de apostas, mais magra do que a primeira. A principal razão é óbvia: decisões em política se tomam de olho no futuro, mas o presente costuma ter peso determinante. E Serra é, de longe, o favorito hoje. Se continuará assim é o que se vai ver.
A torcida em favor da dobradinha é grande no tucanato. Não é segredo para ninguém que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um entusiasta da idéia. Qualquer militante do PSDB sonharia ver unidos os colégios eleitorais de São Paulo e Minas. Mais: cada um dos governadores tem trânsito em área distintas do PMDB, que, sabemos, não caminhará unido para a sucessão, pouco importa a quem dará oficialmente seu apoio.
Assim, meus caros, pode ser que Aécio tope ser vice de Serra. A interlocutores — e foi mesmo a interlocutores: não estou tentando disfarçar conversa que tive com ele —, já disse que não descarta nenhuma hipótese. MAS ELE NÃO JOGOU A TOALHA, NÃO FEZ ACORDO, NÃO ABRIU MÃO DAS PRÉVIAS, NÃO DESISTIU DE VER O ALCANCE DE SEU NOME JÁ EM 2010. E LEVARÁ ADIANTE ESSA POSSIBILIDADE ATÉ O LIMITE.
Pode-se gostar ou não de Aécio, mas supô-lo idiota é e será sempre um erro de calculo. Por que ele faria isso agora? Ganharia o quê? Qual seria o seu real benefício? Zero! Nenhum! ENTÃO POR QUE ESSA HISTÓRIA AGORA?
HOMENS TRABALHANDO
Bem, é o jornalismo “franklinstein” em ação, procurando, diga-se, mover peças no próprio tabuleiro governista. Não se esqueçam de que o terceiro mandato voltou a rondar o noticiário. Já chego lá.
A plantação, evidentemente, não interessa a Aécio, que passaria a imagem de um faroleiro, que, de dia, faz esforço para se viabilizar como candidato e, à noite, faz acordos secretos. Mais: ela agride alguns argumentos centrais de seu pleito, concorde-se com eles ou não: 1) ainda é pouco conhecido; 2) interessam menos os nomes do que uma plataforma; 3) o PSDB precisa se oxigenar com mais debates… Vocês sabem de tudo isso.
Aparentemente, a coisa pode ser do interesse de Serra. Mas também não é. Por meio dela, semeia-se discórdia no terreno tucano. O boato atiça os mineiros contra o governador paulista e, evidentemente, leva Aécio a fazer o óbvio: NEGAR O QUE, COM EFEITO, NÃO É VERDADE. O boato obriga-o a engajar-se ainda mais na própria candidatura, com uma boa possibilidade de se abrirem frentes novas de atrito.
E, assim, chega-se ao óbvio: a plantação é de exclusivo interesse do PT. Pelos motivos elencados acima e por outro nem tão evidente.
TERCEIRO MANDATO
Boa parte do PT, Lula inclusive, não é mesmo simpática à tese da possibilidade do terceiro mandato. Seria uma trabalheira danada, especialmente no Senado. Mas há uma coisa que tem força para mover alguns caciques petistas: justamente a possibilidade da união dos dois tucanos numa única chapa. Petistas, quase sem exceção, consideram que ela seria praticamente imbatível. E, então, só poderia ser enfrentada por… LULA!!!
O laboratório de monstruosidades do Doutor Franklinstein está interessado em estimular um movimento queremista — “queremos Lula”, repetindo o “queremos Getúlio” (pesquisem) — dentro, primeiro, do próprio PT e, depois, na sociedade. Seria uma reação política à união precoce, então, dos dois candidatáveis do PSDB. Seria como dizer: “Já que vocês virão com a sua principal arma, usaremos a nossa, que, hoje, é eleitoralmente mais potente”.
EMBOLAR O JOGO
A doença de Dilma Rousseff — ainda que o aparato publicitário empregado resulte em algum ganho nas pesquisas — perturbou enormemente o PT. No plano original, a campanha já estaria, hoje, em outro patamar. As conversas em torno de futuras alianças também se complicaram bastante. Se, antes, era preciso garantir máxima visibilidade a Dilma, agora é o caso de dar uma esfriada no processo eleitoral. E a melhor maneira de fazê-lo é pôr na sala o bode da possibilidade do terceiro mandato. A suposta união, agora, de Serra e Aécio numa chapa única forneceria um bom pretexto para a “reação” — o tal “neoqueremismo”.
MAS PODE SER?
“Ah, mas Aécio não pode vir a ser vice de Serra?” Claro que pode. Tucanos, democratas e PPS não sonham com outra coisa. Diria até que qualquer outro partido, que não o PSDB, já teria mesmo decidido por isso. Mas, hoje, a “notícia” dessa união não passa de boato para tentar tumultuar o processo eleitoral. Se vier a acontecer, não será em razão de nada que se tenha feito até aqui. É a uma possibilidade, que nada tem de fácil, a ser construída. Sem contar, né?, que essas previsões “fifty-fifty” têm a sua seriedade reveladas na sua própria natureza: se acontecer o previsto, o sujeito pode dizer que acertou; se não acontecer, basta acusar o outro de ter mudado de idéia.
Ademais, convenham: esse seria o principal fato da sucessão presidencial — só menos importante do que a eleição do futuro presidente, seja quem for. Fosse um fato mesmo, dada a importância que teria, seria manchete da Folha de S. Paulo, não um boato lançado na Internet e depois minimizado no jornal impresso, com os verbos antes certeiros assumindo aquelas deliciosas imprecisões do futuro do pretérito. Ou será que a Folha, agora, não se interessa mais por furos bombásticos? Claro que sim. Quando furos são.