A sensível honra dos canalhas
A Justiça, em tese ao menos e por enquanto, é para todos no Brasil. Mas corre o risco de se tornar reserva de mercado dos canalhas. Não estou me referindo propriamente aos servidores, mas àqueles que a ela recorrerão para defender a sua “honra”. Boa parte dos que entram com ações contra jornalistas, por exemplo, […]
A Justiça, em tese ao menos e por enquanto, é para todos no Brasil. Mas corre o risco de se tornar reserva de mercado dos canalhas. Não estou me referindo propriamente aos servidores, mas àqueles que a ela recorrerão para defender a sua “honra”. Boa parte dos que entram com ações contra jornalistas, por exemplo, argumentando que a dita cuja foi severamente agredida, não têm honra nenhuma a defender. Muito pelo contrário. Suas respectivas reputações costumam precedê-los. Quanto mais as instituições vão sendo aparelhadas, incluindo o Judiciário, tanto pior. Há duas organizações que hoje formam profissionais para servir à causa: o PCC e o PT. A seguir nesse ritmo, em breve, só serão permitidos trocadilhos e piadas de duplo sentido com povos extintos: “Conhece a última do sacerdote asteca?” E olhem lá. Sempre haverá alguma ONG pronta a defender o valor cultural dos sacrifícios ritualísticos. O humor é a primeira coisa que os canalhas perdem depois de perder a vergonha. A onda agora é tentar asfixiar economicamente os que não rezam pela cartilha. A ditadura, segundo a teoria que está em prática, não se implanta com o assalto ao Palácio de Inverno. É obra para gerações. Em 1980, ano em que o PT foi fundado, havia mais pensamento não-alinhado no jornalismo do que hoje em dia. Você pode escrever o que quiser, desde que “os” deixe em paz. A esculhambação do fim do governo Figueiredo conseguia ser mais divertida.