A pauta da patrulha petralha chegou ao Jornal Nacional
Acho que o Jornal Nacional, já disse, procurou fazer o seu trabalho com profissionalismo e isenção. Com isso, descarto, de saída, que se tenha tentado beneficiar esse ou aquele. Mas os tempos andam bicudos. A patrulha petralha é gigantesca. Está em todos os lugares e, com certeza, contamina também o JN. Por que digo isso? […]
Acho que o Jornal Nacional, já disse, procurou fazer o seu trabalho com profissionalismo e isenção. Com isso, descarto, de saída, que se tenha tentado beneficiar esse ou aquele. Mas os tempos andam bicudos. A patrulha petralha é gigantesca. Está em todos os lugares e, com certeza, contamina também o JN. Por que digo isso?
Todas as perguntas feitas a Serra — sem exceção de uma só — estariam no elenco do que um petralha gostaria de perguntar ao tucano. Mais: ele tentaria fazer de Lula o grande protagonista da disputa. Vamos ver?
– Eles perguntariam por que Serra não ataca Lula? Sim. E William perguntou.
– Eles perguntariam se Serra tem medo da popularidade de Lula? Sim. E William perguntou.
– Eles perguntariam se Serra teme confrontar os governos FHC e Lula? Sim. E Fátima perguntou.
– Eles perguntariam se Serra não se constrange com a aliança com o partido de Roberto Jefferson? Sim. E William perguntou.
– Eles perguntariam se Índio da Costa não é um vice inexperiente? Sim. E Fátima perguntou.
– Eles perguntariam se o pedágio de São Paulo não é caro? Sim. E William perguntou.
Os petralhas certamente fariam outras questões além dessas se a entrevista tivesse mais de 12 minutos, mas essas estariam na lista. Pode-se debater se uma ou outra, vá lá, não são mesmo procedentes fora do discurso puramente oposicionista. A do pedágio, no entanto, representa uma capitulação à patrulha. A razão é simples: o “movimento antipedágio”, já demonstrei aqui até com fotos, é uma invenção do PT. Que uma política pública exemplar, comprovadamente bem-sucedida, seja objeto de proselitismo partidário, vá lá… Que paute o jornalismo sério, aí não dá.
E Dilma? As perguntas feitas à petista seriam aquelas que a militância tucana gostaria de fazer? Intuo que não.
– Perguntariam se ela é tutorada por Lula? Não! Porque isso lhe daria a chance de dizer que se orgulha muito de Lula. Como fez. Associar seu nome a Lula, no ar, é positivo para ela, que não tem a sua própria reputação política.
– Perguntariam se ela tem mesmo temperamento difícil? Não! Porque isso lhe daria a chance de dizer que é apenas exigente. Como fez.
– Perguntariam a ela se suas alianças são incômodas? Talvez.
– Perguntariam se o Brasil cresceu menos do que outros emergentes? Não mesmo! Isso lhe daria a chance de dizer que o país se saiu bem na crise, como ela fez.
– Perguntariam sobre o baixo investimento em saneamento? O tema, embora literalmente enterrado, é quase etéreo.
Mas…
– Fariam uma pergunta sobre o mensalão. Não foi feita.
– Fariam uma pergunta sobre as Farc. Não foi feita.
– Fariam uma pergunta sobre a penúria nos aeroportos. Não foi feita.
– Fariam uma pergunta sobre a lambança dos dossiês. Não foi feita.
– Fariam uma pergunta sobre a destruição do Enem. Não foi feita.
– Fariam uma pergunta sobre a miséria das estradas federais. Não foi feita.
Acho que foi a tranqüilidade de Serra que deixou os petistas assustados. Se vai ganhar a eleição ou não, não sei. Se o Jornal Nacional terá ou não influência na escolha do eleitor, isso eu também não sei. Mas sei, e até os petistas sabem, quem, na série do Jornal Nacional, evidenciou estar mais preparado para o cargo.
“Ah, os petralhas patrulham de um lado, e o Reinaldo de outro”. Calma lá! Eu não estou satanizando ninguém e estou expondo os meus motivos ancorado nas perguntas. Por que eles não fazem o mesmo? Porque sabem que estão mentindo. Entre agradecer e repudiar o JN, eles deveriam é estar gratos.
Já sei: os petralhas exigem que, numa próxima entrevista, Serra não se saia tão bem!