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A morte suspeita do promotor Argentino que acusava Cristina de acobertar ação terrorista do Irã. E mais: Hezbollah no Brasil, junto com o PCC

O promotor federal argentino Alberto Nisman está morto. Toda a cena remete para um suicídio. E é aí que as coisas começam a ficar complicadas. Seu corpo foi encontrado no apartamento em que morava nesta madrugada com um tiro na cabeça, ao lado de um revólver calibre 22. Nisman falaria nesta segunda no Congresso sobre […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h18 - Publicado em 19 jan 2015, 15h58

O promotor federal argentino Alberto Nisman está morto. Toda a cena remete para um suicídio. E é aí que as coisas começam a ficar complicadas. Seu corpo foi encontrado no apartamento em que morava nesta madrugada com um tiro na cabeça, ao lado de um revólver calibre 22. Nisman falaria nesta segunda no Congresso sobre a ação da presidente Cristina Kirchner para acobertar a participação do Irã em ataques terroristas ocorridos em Buenos Aires. Nota: ele vinha denunciando há tempos que estava sendo ameaçado de morte.

No dia 18 de julho de 1994, a explosão de um carro-bomba na Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) deixou 85 mortos e mais de 300 feridos. As vítimas, na sua maioria, eram crianças. Em março de 1992, um atentado à embaixada de Israel na capital do país já havia matado 29 pessoas e deixado 200 feridos. Há indícios de que os dois ataques foram planejados pelo Irã e executados pelo Hezbollah, que tem células na América do Sul, especialmente na Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) — e isso inclui a cidade brasileira de Foz do Iguaçu. Já chego lá.

A investigação das autoridades federais argentinas apontavam, desde o começo, para o Irã. A Justiça do país chegou a pedir a extradição de Ahmad Vahidi e de Ali Akbar Hashemi Rafsanjani. Sem sucesso. São dois potentados da política iraniana. O primeiro é um ex-comandante da poderosa Guarda Revolucionária e foi ministro da Defesa entre 2009 e 2013. O outro, ora vejam, é nada menos do que um ex-presidente: comandou o Irã entre 1989 e 1997 e é considerado um moderado. Como se nota, a apuração não esbarrava em figuras de pequeno porte do establishment iraniano.

Em 2004, 10 anos depois de muita procrastinação, o então presidente, Néstor Kirchner, designou Alberto Nisman para investigar o caso. E ele acabou esbarrando no absurdo. O promotor acusava oficialmente a presidente Cristina e seu chanceler, Héctor Timerman, de acobertar a participação do Irã.

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Para lembrar: em janeiro de 2013, Cristina celebrou, acreditem, um acordo com o governo do Irã para o que seria uma “investigação conjunta” do atentado, feita pelos dois países. Entre outras delicadezas, previa que os acusados iranianos fossem ouvidos no próprio país. Atenção! Ahmad Vahidi, um dos principais envolvidos, ainda era ministro da Defesa. Imaginem a isenção!

Antes que tentem turvar os fatos, vamos lá. Cristina é de origem judaica. Héctor Timerman, que ajudou a costurar esse acordo com o Irã, é judeu. O porra-louca Axel Kicillof, homem forte da economia (e seus desastres), também. E daí? Isso não muda uma vírgula do acordo indecoroso. De resto, quem disse que judeus sempre fazem a coisa certa quando o assunto é a proteção a… judeus? Em 2013, o então presidente da Amia, Guillermo Borger, protestou: “Não poderíamos estar menos consternados. Isso é ilegal e ignora o trabalho da Justiça nesses últimos 18 anos. Tomar os depoimentos em Teerã é inconstitucional”.

Nisman tinha a proteção de 10 policiais, por determinação da Justiça. Alguém poderia indagar: “Mas como é que se pode obrigar alguém a dar um tiro na cabeça?” Infelizmente, é tétrico e simples. Basta que se tenham na mira, por exemplo, familiares do futuro “suicidado” e que se lhe imponha uma escolha: “Ou você ou eles”. E o terrorismo é capaz disso. 

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Horas antes da morte de Nisman, um ataque atribuído a Israel matou Jihad Mughniye, 25, um dos mais conhecidos comandantes do Hezbollah  na Síria. O ataque aéreo aconteceu perto da cidade de Quneitra, na parte síria das Colinas de Golã, a poucos quilômetros da fronteira com a área controlada pelos israelenses. A ação matou 12 homens, seis deles iranianos, incluindo o general Mohammad Ali Allah-Dadi, comandante da Guarda Revolucionária. Por que lembro isso aqui? Jihad era filho de Imad Mughniyeh, assassinado em Damasco em fevereiro de 2008 por um carro-bomba. Imad foi formalmente acusado pelas autoridades argentinas por envolvimento no ataque à Amia e à embaixada israelense em Buenos Aires, os crimes investigados pelo promotor “suicidado”.

Brasil
Eu não poderia encerrar este post sem lembrar um fato gravíssimo. A Polícia Federal do Brasil reúne desde 2008 provas de que traficantes ligados ao Hezbollah atuam em nosso país em parceria com o PCC. O epicentro dessa ação é Foz do Iguaçu, na Tríplice Fronteira. Há muito os órgãos de segurança dos EUA consideram essa região infiltrada pelo terror, coisa que o governo brasileiro se nega a admitir.

Documentos obtidos pelo jornal “O Globo” em novembro apontam que a parceria entre o terrorismo e o crime organizado teve início em 2006. Traficantes libaneses de cocaína, ligados ao Hezbollah, teriam aberto canais para a venda de armas ao PCC. Quando esses traficantes são presos no Brasil, contam com a proteção da facção criminosa nos presídios. E o nosso país, como sabemos, não tem uma lei para punir terroristas.

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É isso aí. E ainda voltarei ao assunto.

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