A hora dos libertinos
Eh, senador Renan Calheiros! O homem assumiu há pouco a tribuna do Senado para demonizar a revista VEJA. Estendeu um telão e apresentou a seus pares — é modo de dizer, viu, senadores? — uma, digamos assim, “reportagem” da TV Bandeirantes contra a Editora Abril. E, em seguida, fez um discurso tentando se defender. Eh, […]
Acredite: há quem use até a mesa do gabinete no Senado para multiplicar a espécie. E durante o expediente!!! Sempre que vou à redação da VEJA, os “libertinos” estão trabalhando com afinco. A redação não tem paredes. Só pequenas divisórias que distinguem ambientes. Qualquer um que resolvesse abrir a calça por ali seria logo flagrado. E olhem que, vá lá, trata-se de uma empresa privada, né? Orgasmos privados são só da conta de quem goza. Os de homem público subsidiados pelo estado ou por empreiteiros devem ser matéria de CPI. Falta um pouco de calvinismo ao desassombro do senador Renan.
O seu discurso de defesa — na verdade, de ataque à VEJA — é uma peça surrealista. Renan diz que a Policia Federal provou a veracidade dos documentos que ele apresentou: não provou. É o contrário. Renan diz que a Polícia Federal provou que seus boizinhos garantiram a receita por ele alegada; não provou. É o contrário. Renan diz que ele próprio provou que os recursos pagos “à gestante” lhe pertenciam; não provou. É o contrário. Este Renan que está aí não é aquele da era Collor, que saiu correndo quando percebeu que a carne iria queimar. Este é o Renan da era Lula, da era petista. Pertence àquela categoria de políticos capazes de negar o óbvio sem corar.
O cantor e compositor Lobão deu um entrevista à TV Senado. Vestia uma camiseta com uma frase formidável. Mandarei imprimir uma e enviarei de presente a Renan Calheiros: “PEIDEI, MAS NÃO FUI EU”.