A ELEIÇÃO E OS VOTOS POR REGIÃO: VEJAM SÓ
Por falar em pesquisa, e sempre considerando que há institutos, como afirmei abaixo, realmente interessados em retratar o que pensa o eleitor num dado momento, tenho aqui os votos por região do país da última pesquisa Ibope. São muito interessantes. Leiam. Volto em seguida: QUANDO O CANDIDATO TUCANO É AÉCIO Candidato N/CO NE SE S […]
Por falar em pesquisa, e sempre considerando que há institutos, como afirmei abaixo, realmente interessados em retratar o que pensa o eleitor num dado momento, tenho aqui os votos por região do país da última pesquisa Ibope. São muito interessantes. Leiam. Volto em seguida:
QUANDO O CANDIDATO TUCANO É AÉCIO
Candidato | N/CO | NE | SE | S |
Aécio | 7 | 4 | 23 | 9 |
Dilma | 24 | 20 | 17 | 22 |
Ciro | 30 | 30 | 23 | 21 |
Marina | 13 | 8 | 9 | 7 |
QUANDO O CANDIDATO TUCANO É SERRA
Candidato | N/CO | NE | SE | S |
Serra | 33 | 34 | 43 | 37 |
Dilma | 22 | 18 | 15 | 20 |
Ciro | 16 | 14 | 13 | 8 |
Marina | 6 | 9 | 5 | 6 |
Comento
Uma candidatura, para ser viável — não quer dizer “vitoriosa” necessariamente —, tem de se viabilizar nacionalmente. Há três candidaturas com essa abrangência, segundo o quadro acima: as de Serra, Ciro e Dilma — embora o deputado do PSB não vá ser candidato, é bom destacar.
O governador de Minas, vê-se pelo quadro, tem sua candidatura realmente reconhecida na Região Sudeste — e, sabemos, dentro dela, em Minas. Marina Silva, cuja postulação é recente e conta com muito menos visibilidade do que Aécio na imprensa nacional, tem o dobro dos seus votos no Nordeste e quase isso no Norte/Centro-Oeste. E o Nordeste, pode ser decisivo na eleição do próximo presidente: na região, Serra tem 30 pontos percentuais a mais.
Então Aécio que se dane? Ora… Seus 23 pontos alcançados no Sudeste dão conta de que ele, com efeito, é o grande líder de Minas e pode ser fundamental para assegurar a vitória do seu partido na disputa do ano que vem. Se é, e é, um candidato com força regional, pode fazer com que essa força sirva a um projeto nacional. A melhor maneira, não é preciso ser muito bidu para percebê-lo, especialmente depois dos últimos desastres de Brasília, seria compondo uma chapa como vice de Serra. Não sendo assim, um real engajamento na candidatura poderia fazer as vezes da composição. Quando o vejo dizer que, caso não seja o escolhido pelo partido, vai-se dedicar a Minas, espero que isso não signifique um dar de ombros à disputa nacional. Até porque isso reforçaria justamente o seu perfil regionalista.
Os números estão aí, e Aécio é realista. Sua candidatura à Presidência ainda não está madura o bastante, e, para tanto, ele tem de ser algo mais do que um candidato de Minas. E a forma de construir essa imagem é fazendo Minas integrar um projeto nacional, de que ele seria, sem dúvida, uma das grandes expressões. É o óbvio. É o racional. Mas nem sempre a política obedece a esses critérios.
Dilma e o Nordeste
Dilma vive para cima e para baixo com Lula, como é notório, mas a transferência de votos no Nordeste é ainda pequena. Notem que, pouco importa quem seja o candidato tucano, sua expressão eleitoral nas várias regiões do país varia dentro da margem de erro. Não por acaso, quando Serra é o candidato tucano, ela aparece com 17%; quando é Aécio, 20%.
Vistos os dados regionais, o que se nota é a impressionante intersecção entre os eleitorados de Serra e Ciro. Sem o tucano paulista, o deputado do PSB tem quase o dobro dos votos (de 16% para 30%) no Norte/Centro-Oeste; mais do que o dobro no Nordeste (de 14% para 30%) e quase o triplo no Sul (de 8% para 21%). Dado o ódio dedicado, verdadeiramente amoroso, que Ciro devota a Serra, os números o convidam a um divã…
Os dados acima, parece-me, indicam por que é a lógica do processo que faz de Serra o candidato mais viável das oposições e por que Aécio pode ser decisivo na sua vitória. Terão ambos essa clareza? É o que veremos.