A democracia “deles”
Um dos grandes mitos que assombram a cultura política brasileira é o de que as esquerdas que aderiram à luta armada e ao terrorismo queriam apenas o fim da ditadura e a democracia. Daí nasce a suposição do seu heroísmo — e, na maioria dos casos, é por isso que se pagam régias indenizações e […]
E seus remanescentes, caudatários ou herdeiros continuam a querer a mesma coisa. E, como fica evidente a cada dia, não renunciaram à mentira como método e à violência como um instrumento de fazer política. A entrevista concedida por Valter Pomar a Diogo Schelp, editor de Internacional de VEJA, e a expulsão do jornalista de um dos debates do Foro de São Paulo evidenciam isso com clareza (ver notas abaixo).
Pomar afirma em sua entrevista que não existe uma filiação ao foro, que ninguém é “membro” do grupo e sugere que as Farc, se inscritas, não seriam aceitas. Conversa mole. Os terroristas deixaram de comparecer à reunião porque sua vinculação com o narcotráfico se tornou de tal modo evidente, que nem mesmo a fachada ideológica de sua luta podia ser sustentada. Mas o grupo é um dos fundadores do foro, e a maioria dos seus integrantes é simpática à guerrilha. O próprio Pomar afirma que os “guerrilheiros” não podem aparecer porque “a guerra não permite”.
Anotem aí: em breve, o foro vai se transformar numa ONG internacional, pronta a receber recursos dos países ricos — a Fundação Ford, por exemplo, talvez não veja mal nenhum em financiar os valentes. Outra estratégia típica dessa gente é vestir a pede de cordeiro de organização humanitária. Ademais, ainda que as Farc não fizessem parte do Foro, o que é mentira, são poucos os grupamentos lá representados que têm compromisso mínimo com a democracia.
Expulsão
Quanto à expulsão de Diogo Schelp de uma dos debates, obra, tudo indica, do próprio Pomar — entrevistado pelo jornalista —, dizer o quê? Evidencia-se, assim, a democracia que eles querem. Segundo relata Schelp, ele foi o único profissional de imprensa a ser submetido a tal constrangimento.
Pomar é um crítico do grupo que detém o poder no PT. Porque ele gostaria de melhorar o partido? Não. No petismo, a voz divergente consegue ser pior do que o establishment.