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Um morto-vivo no ministério

Orlando Silva: um problemaço A decisão de Dilma Rousseff de manter no governo um ministro sangrando em praça pública é a opção pela agenda negativa. Desde maio, quando estourou o caso Palocci, Dilma convive com essa agenda – corrupção, malfeitos, escândalos. A partir daí, com precisão de relógio suíço, caíram os ministros dos Transportes, Agricultura […]

Por Da Redação Atualizado em 31 jul 2020, 10h24 - Publicado em 23 out 2011, 09h07



Um morto-vivo no ministérioOrlando Silva: um problemaço

A decisão de Dilma Rousseff de manter no governo um ministro sangrando em praça pública é a opção pela agenda negativa. Desde maio, quando estourou o caso Palocci, Dilma convive com essa agenda – corrupção, malfeitos, escândalos.

A partir daí, com precisão de relógio suíço, caíram os ministros dos Transportes, Agricultura e Turismo (não convém lembrar dos seus nomes aqui, são figuras menores que ocupavam cargos relevantes). Nenhum dos programas de governo de Dilma parecem existir – alguém aí lembra-se que foi lançado o Brasil contra a Miséria?

Pode se argumentar que, apesar de tudo isso, sua popularidade está nos céus. Está, sim. E o motivo é o de sempre: a economia continua relativamente bem (mais ainda em comparação ao resto do mundo) e os níveis de emprego e renda – termômetros fundamentais – mantêm-se em alta. Mas neste primeiro ano de governo, a marca de um ministério fraco, tomado por gente encrencada, se solidificou. E essa fatura pode ser cobrada lá na frente.

Se nos casos anteriores, Dilma trocou Antônio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi e Pedro Novais por ministros que até agora não lhe trouxeram problemas, com Orlando a aposta foi bancá-lo numa prorrogação imprevisível. Isso ocorreu em parte por que seus aliados (de Lula ao PMDB) a criticam por ceder com facilidade “às denúncias da mídia”.

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A decisão de Dilma é, portanto, também uma estratégia – ainda que arrriscada – para baixar o fogo da chiadeira da base governista. É uma gente que reclama como se o problema estivesse na faxina e não na sujeira.

A opção de Dilma, portanto, foi a de continuar a ver o Ministério do Esporte nas manchetes e ter Orlando Silva como uma espécie de protagonista moral do governo.

Da cartola do ministério do Esporte já saiu de tudo: fraudes milionárias em convênios com ONGS ligadas ao PCdoB, mulher do ministro recebendo dinheiro público, o Procurador-Geral da República pedindo ao STF que investigue Orlando “por graves irregularidades”, fitas gravadas mostrando cumplicidade entre assessores do ministro e um ongueiro implicado em irregularidades. Já são dezenas de furos no casco. A tendência é sair muito mais coelho desta cartola. E Dilma age como se o número 1 do ministério não tivesse nada a ver com isso.

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O que se verá a partir de amanhã, o primeiro dia útil depois que Dilma decidiu manter Orlando, é um ministro do Esporte de perna quebrada tentando exercer suas funções. E tendo que dar novas explicações para revelações de velhos malfeitos.

Por um lado, Orlando Silva estará sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República. Por outro, estará tomando decisões sobre a Copa 2014 e a Olimpíada 2016. A solução de tirar de Orlando a caneta para assuntos importantes do ministério só evidenciará sua condição de morto-vivo.

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