‘Quem for culpado vai pagar’, diz Múcio após reunião com chefe do Exército
O ministro da Defesa tomou café da manhã nesta segunda-feira com o novo comandante da Força, o general Tomás Paiva, anunciado no sábado
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tomou um café da manhã nesta segunda-feira com o general Tomás Paiva, anunciado no sábado como o novo comandante do Exército no lugar do também general Júlio César de Arruda.
“Conversa demorada… [ele] está animado, né? Vai ser o primeiro dia, foi se reunir lá com os comandados, ver quais são as dificuldades, e vamos ver como vai acontecer. Se Deus quiser, vai tudo dar certo”, declarou o ministro a jornalistas após o encontro.
Múcio então disse que não passou nenhuma orientação ao novo chefe do Exército sobre como lidar com as tropas.
“Ele sabe melhor que eu, quem sou eu pra ensinar ele como lidar com a tropa. Ele tem liderança, é amigo do general Arruda, com quem eu falei agora pela manhã, teve sucesso na cirurgia dele, está muito bem. As coisas estão tranquilas”, comentou.
O ministro reforçou que houve uma quebra de confiança na relação com o agora ex-comandante desde a questão dos acampamentos de golpistas diante de quarteis do Exército e “a questão do dia 8”, quando bolsonaristas promoveram atos terroristas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“De maneira que fica muito difícil trabalhar assim quando as pessoas ficam sob suspeita se vai ou não tomar a providência, mas tá tudo em paz, tá tudo calmo. Foi um final de semana, evidentemente, de muito trabalho, mas eu acho que as coisas agora estão arrumando”, justificou.
Questionado se as investigações sobre os atos golpistas vão ganhar força a partir de agora, ele desconversou e disse que “a substituição não foi por conta disso” e que “essas coisas terão que ser esclarecidas”.
“Ninguém vai ser… ninguém pode ser condenado previamente sem que as coisas sejam detectadas, né? O direito da dúvida tem que ser dado. De maneira que acho que as coisas agora vão se acalmar”, afirmou o ministro.
Ao ser indagados se o novo comandante se comprometeu com ele a tratar essa questão com rigor, Múcio disse que não, que ele prometeu “servir ao país” no comando do Exército.
“E está entusiasmado. Evidentemente que existem algumas costuras internas pra fazer. A coisa foi muito rápida, mas nós tínhamos que fazer o que foi feito”, complementou.
Ainda sobre as investigações sobre a presença de militares nos atos golpistas, ele defendeu que “tem que se apurar primeiro”.
“Quem for culpado que vai pagar. Quem não for, evidentemente que a gente tem que despolitizar as coisas, né? Quem patrocinou os atos, quem quebrou, teve intenção de vandalismo, de golpe, tudo isso a Justiça vai tratar […] Primeiro tem que saber se são ou não são [militares], né? Em sendo, tem que se providenciar, mas a gente não pode, no calor da emoção, atacar as pessoas que não têm culpa”, concluiu.