Presidente da Petrobras completa um mês na cadeira com ‘velório’ do chefe
Bento Albuquerque foi demitido depois de Bolsonaro dizer que a estatal 'estuprava' os brasileiros com seus lucros bilionários
É uma dessas ironias dos tempos de Jair Bolsonaro no comando do Planalto. Novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho tinha tudo para viver dias especiais nesta semana. No sábado, ele comemora um mês no comando da estatal, um baita emprego que conquistou graças ao movimento de Bolsonaro para esquivar-se da responsabilidade pelos preços dos combustíveis.
Seu nome foi escolhido porque Bolsonaro precisou demitir Joaquim Luna para culpar o general pelos reajustes da estatal que acabam com a popularidade do governo. Eis que Coelho, antes de comemorar seu primeiro mês na cadeira, foi obrigado a velar o próprio chefe, abatido pelo mesmo fenômeno.
Bento Albuquerque foi demitido depois de Bolsonaro dizer que a Petrobras “estuprava” os brasileiros com seus lucros bilionários. Como o atual chefe da estatal ainda nem esquentou a cadeira, o presidente tinha que encontrar outro nome para culpar. Aí entrou Albuquerque. Agora, no entanto, o presidente já não tem mais cabeças para cortar nessa desesperada tentativa de esconder-se.
Entre o novo ministro de Minas e Energia e o presidente da Petrobras, que ironia, o chefe da estatal tornou-se rapidamente a figura mais “antiga” a pilotar a crise. “O aniversário de um mês no cargo virou uma data de risco”, ironiza um interlocutor do governo.