Planalto se recusa a responder se Bolsonaro encontrou reverendo em 15/03
A Presidência não divulgou nenhuma fotografia oficial nesse dia, o que é atípico

O Radar revelou na terça-feira que o policial militar Luiz Paulo Dominguetti recebeu, no último dia 16 de março, uma mensagem indicando que o reverendo Amilton Gomes de Paula conversou na véspera com Jair Bolsonaro, e que o presidente teria dito que compraria “tudo”, referindo-se a vacinas oferecidas por golpistas.
Na tarde desta quarta, quase 30 horas atrás, a coluna questionou a Presidência se Bolsonaro se reuniu com Amilton no dia 15 de março — uma pergunta simples e objetiva. Mas, até o momento, a Secom se recusou a respondê-la, apesar de o Radar ter feito diversos contatos cobrando a informação.
Ao jornal O Globo, o reverendo negou que tenha se encontrado com o presidente naquele dia. O Radar tentou falar com ele, mas não conseguiu.
O 15 de março, uma segunda-feira, foi um dia incomum no Palácio do Planalto. De forma bastante atípica, não há nenhuma foto desta data nos arquivos do canal oficial de imagens da Presidência. À tarde, Bolsonaro se reuniu com o cardiologista Marcelo Queiroga, que seria anunciado como o novo ministro da Saúde, substituto do general Eduardo Pazuello.
Na sequência, o presidente se reuniu por duas horas com o pastor Silas Malafaia e outras nove lideranças religiosas, segundo registrou sua agenda oficial. Ao longo da gestão de Bolsonaro, eventos como esse costumam ser registrados em fotos e vídeos, tanto do Planalto quanto dos participantes.
Mas apenas um vídeo foi produzido e divulgado, no dia seguinte, com o presidente e seis dos líderes religiosos convocando os cristãos brasileiros a fazer jejum em prol na nação brasileira, no dia 29 de março.
O Radar também questionou se houve registros fotográficos da audiência, mas ficou sem resposta.
A mensagem recebida por Dominguetti foi enviada por um contato identificado como “Renato Compra Vacinas”. “Ontem o Amilton falou com Bolsonaro, ele falou que vai comprar tudo”, escreveu. Ainda não está claro quem é o interlocutor do PM, que representava a empresa americana Davati Medical Supply para intermediar a suposta venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.
Nesta quarta-feira, a CPI da Pandemia aprovou a convocação reverendo Amilton, que é presidente da ONG Senah, sigla de Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários.
O religioso, que esteve no Ministério da Saúde no início de março, recebeu em fevereiro um e-mail do então diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz, exonerado nesta quinta-feira, com a autorização para negociar as doses da AstraZeneca em nome do governo brasileiro, como revelou o Jornal Nacional, da TV Globo, no sábado.