Pacheco e Braga Netto se encontram, após nota com ameaça
Ministro da Defesa e comandantes divulgaram texto com advertência a senadores sobre críticas a militares
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, informou há pouco pelas redes sociais que teve uma conversa na manhã desta quinta-feira com o ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Na véspera, o general da reserva do Exército divulgou uma nota, também assinada pelos comandantes das três Forças Armadas, para repudiar declarações do presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz, sobre o envolvimento de militares em casos de corrupção no governo de Jair Bolsonaro.
Segundo Pacheco, o episódio já foi “suficientemente esclarecido” e foi fruto de um “mal-entendido” sobre a fala de Aziz. Na noite desta quarta, após a divulgação do texto, o senador cobrou do presidente da Casa uma defesa mais enfática diante do que considerou uma intimidação.
“Ressaltamos a importância do diálogo e do respeito mútuo entre as instituições, base do Estado Democrático Direito, que não permite retrocessos. Deixei claro o nosso reconhecimento aos valores das Forças Armadas, inclusive éticos e morais, e afirmei, também, que a independência e as prerrogativas de parlamentares são os principais valores do Legislativo”, escreveu Pacheco.
“O episódio de ontem, fruto de um mal-entendido sobre a fala do colega senador Omar Aziz, presidente da CPI, já foi suficientemente esclarecido e o assunto está encerrado”, complementou.
Durante reunião da CPI na tarde de quarta, o senador perguntou se o depoente, o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, tinha sido sargento da Aeronáutica, e ele confirmou. O presidente da comissão então comentou:
“Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo. Fazia muitos anos. Aliás, eu não tenho nem notícia disso na época da exceção que houve no Brasil, porque o Figueiredo morreu pobre, porque o Geisel morreu pobre, porque a gente conhecia… E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção, mas, agora, Força Aérea Brasileira, Coronel Guerra, Coronel Elcio, General Pazuello e haja envolvimento de militares das Forças Armadas”.
A nota da Defesa diz que ele desrespeitou as Forças Armadas e generalizou esquemas de corrupção. E conclui: “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.