No Conselhão, presidente da CNI defende ajuste fiscal e faz apelo a Marina
Ricardo Alban discursou na terceira reunião plenária do órgão com o presidente Lula e também alertou para uma possível bolha do setor produtivo
Integrante do Conselhão, o presidente da CNI, Ricardo Alban, discursou na manhã desta quinta-feira na terceira reunião plenária do órgão com o presidente Lula e ratificou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a necessidade do equilíbrio fiscal e defendeu que se faça um ajuste “com senso, de forma equilibrada”.
“E transferindo para o mercado aquela ânsia que tanto o mercado gostaria de usar, e que usa, que é a especulação financeira. Então vamos trabalhar de formas concisas, convergentes, para que a gente possa encontrar esse equilíbrio fiscal sem nenhum tipo… e temos caminhos para encontrar, não só o controle das despesas, mas destravar investimentos”, declarou Alban.
Na sequência, ele aproveitou para fazer um apelo à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que estava sentada na mesma mesa que Lula e outros ministros, colocando a Confederação Nacional da Indústria à disposição para colaborar com ferramentas e tecnologia para ajudar no processo de licenciamento ambiental.
“Nós temos hoje só uma empresa com cerca de 5 bilhões de dólares aguardando licenciamento, e no seu pipeline tem cerca de 40 bilhões de dólares. O que esses investimentos podem gerar de riqueza, emprego e renda, e mais ainda, o tão desejado equilíbrio fiscal com a arrecadação dos tributos que viria dessa economia. Não é simples, sustentabilidade, meio ambiente é uma total prioridade, mas eu acho que nós conseguimos conversar para tornar isso viável”, afirmou.
Taxa de juros, financiamento e dívida pública
Ao comentar a atual taxa de juros de 10,5%, mantida pelo Banco Central na semana passada, o chefe da CNI questionou se “fomos muito conservadores nos últimos dois anos” e disse que a ata do Copom mostrou que “claramente temos uma política contracionista”.
Ele também alertou para a possível criação de uma “bolha” ou “algo mais delicado que possa ser um abismo e a capacidade de oferta”, citando o aumento de cerca de 4% do financiamento aos consumidores no ano passado, e mais 4% em 2024, com a queda do mesmo percentual no financiamento das empresas em 2023, e crescimento de “só 1,5%” neste ano.
“Essa é uma reflexão que temos que fazer, porque estamos a capacidade de oferta, e certamente, num prazo muito curto, vamos ter um problema de pressão inflacionária mesmo, concreto, por uma total incapacidade do setor produtivo”, comentou.
Em alinhamento com o que Lula destacou nos últimos dias, Alban também comentou que a proporção da dívida pública no Brasil em relação ao PIB é muito menor que em outros países e defendeu separar a dívida boa (que permite investimentos, geração de riqueza, emprego e desenvolvimento social) e ruim (que mantém “uma máquina pública já altamente pesada para esse país”).