Meirelles ecoa Paulo Guedes em alerta sobre o teto de gastos
'O desrespeito ao teto fiscal e o aumento de gastos em ano eleitoral apenas prolongam o cenário inflacionário', diz o ex-chefe da Fazenda
Mesmo sem ter uma ligação com o chefe da Economia, Paulo Guedes, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ajudou o auxiliar de Jair Bolsonaro nesta terça ao ecoar os alertas que o ministro tem feito dentro do Planalto contra a pressão política dos aliados do governo por ampliar os gastos nessa reta final de campanha.
“Mais dura do que o comunicado do Banco Central que acompanhou a elevação da Selic para 13,25% ao ano, a ata do Copom divulgada hoje aborda questões essenciais para 2023. Ou seja: o desrespeito ao teto fiscal e o aumento de gastos em ano eleitoral apenas prolongam o cenário inflacionário. Não geram solução e pioram o problema”, disse Meirelles.
Como o Radar mostra na edição de VEJA que está nas bancas, é exatamente esse o alerta dado por Guedes a Bolsonaro recentemente. Para desespero do chefe da Economia, o presidente está cada vez mais próximo da ala “fura-teto” no Planalto.
Meirelles ainda foi mais longe em sua fala, dando a Bolsonaro a dica do que fazer, além de preservar o teto de gastos: “Como em crises econômicas anteriores, será necessário sinalizar claramente o compromisso com a responsabilidade fiscal em 2023, seja com as reformas que precisarão ser feitas, seja com a atualização daquelas já implementadas”.
Nesta segunda, num discurso no BNDES, Guedes mostrou que está longe de ser amigo de Meirelles ao dizer que, “quando fazem o teto, mas não prepararam as paredes, o teto cai na cabeça de quem vem depois”. A crítica foi leve, se comparada a outras falas do ministro.