Livro revela perfil ‘surpreendente’ de padres católicos brasileiros
José Carlos Pereira aplicou um questionário para milhares de sacerdotes do país e entrou em temas controversos na Igreja como a orientação sexual

O padre José Carlos Pereira vai lançar o livro “Operários da fé: o padre na sociedade brasileira” com um perfil “surpreendente” do clero brasileiro. O clérigo aplicou um questionário para outros 2.000 sacerdotes e não se eximiu de temas controversos na Igreja, como a orientação sexual.
A pesquisa mostra que a maioria dos padres se autodeclara heterossexual. O autor lembra que há uma diferença entre celibato e castidade. Sacerdotes que pertencem a uma ordem fazem voto de castidade, que é a recusa de pensamentos libidinosos, enquanto a grande maioria, vinculada à dioceses, exerce o celibato, em que a pessoa se abstém do casamento e da sexualidade.

O levantamento também mostra que a maior parte dos padres tem origem simples e são do interior ou de áreas rurais. A carreira, em termos de estabilidade financeira e prestígio social, é gratificante, 75,8% dos padres se dizem satisfeitos com a remuneração.
Mesmo assim, muitos clérigos se dizem estressados, trabalham com alta demanda e, um quarto dos entrevistados, não cumpre, por exemplo, um horário regular para refeições. Outra queixa é em relação à solidão, em especial, na velhice. Ainda que amparados com assistência médica e aposentadoria, boa parte dos sacerdotes vive o isolamento afetivo: se abstiveram de constituir família e se afastaram do grupo familiar que vieram.
Para o autor do livro, o perfil do clero brasileiro, pela identificação cultural da sociedade com o catolicismo, é fundamental para entender o país. José Carlos Pereira afirmou que a publicação traz muitas informações inéditas sobre os agentes da Igreja no Brasil.