Em vídeo, a ilusão bolsonarista com o impeachment de Moraes
Deputados e senadores se uniram num vídeo para voltar a pedir o povo na rua contra o ministro do Supremo; no passado, isso deu bem errado
Deputados e senadores bolsonaristas, alguns investigados no STF, decidiram gravar um vídeo para convocar manifestações pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, o relator das apurações na Corte.
Num surto coletivo, os bolsonaristas dizem na obra que há “real possibilidade” de a queda de Moraes do Supremo se consumar em Brasília, como se o futuro do magistrado dependesse das ruas, e não de fundamentos jurídicos, para uma eventual atuação do Senado — responsável por abrir processos de impeachment contra ministros do Supremo — no caso.
ATUALIZAÇÃO, 7H55 DE 21/8/2024 — O pastor Silas Malafaia, organizador do ato na Paulista, entrou em contato com o Radar para registrar sua posição sobre a nota que, apesar de retratar a realidade, provocou descontentamento: “Estamos no começo. Vem mais coisa. Na história republicana e democrática, só quem é capaz de levar a um ato de impeachment é o povo. Não tem Rodrigo Pacheco, não tem Bolsonaro, nem eu. Se o povo brasileiro entender isso e partir para pressão, não tem nada que segure isso.”
Marcada para 7 de setembro, a manifestação bolsonarista na Avenida Paulista vai ocorrer em pleno calor da disputa municipal no país. Serve para mobilizar o eleitorado em torno dos candidatos a prefeito, mas tem zero chance de mudar a situação de Moraes no Senado.
“Você não aguenta mais tanta tirania, tantos desmandos”, diz a deputada Bia Kicis num trecho do vídeo.
“Fora, Moraes”, diz o também deputado Nikolas Ferreira, em outro trecho.
“É preciso fazer o impeachment de Alexandre de Moraes”, diz Eduardo Bolsonaro, no fechamento da produção.
Como o Radar mostrou nesta terça, as informações sobre a atuação da equipe do ministro durante o período em que ele foi presidente do TSE, divulgadas pela Folha, em nada fragilizaram a posição dele na Corte. Ao contrário, Moraes segue fortalecido, porque há o entendimento, no Supremo e fora dele, de que tudo ocorreu dentro do roteiro esperado.