Disputa silenciosa
Entre o início e o meio da semana passada, Aécio Neves fez um tour político de respeito. Recebeu um prêmio no Rio de Janeiro. Almoçou com Geraldo Alckmin, em São Paulo. Foi ao Roda Viva. Esteve com FHC. Visitou José Alencar no hospital. Fez uma visita de cortesia ao comando do DEM, na sede do […]
Entre o início e o meio da semana passada, Aécio Neves fez um tour político de respeito. Recebeu um prêmio no Rio de Janeiro. Almoçou com Geraldo Alckmin, em São Paulo. Foi ao Roda Viva. Esteve com FHC. Visitou José Alencar no hospital. Fez uma visita de cortesia ao comando do DEM, na sede do partido em Brasília. Circulou pelo Congresso. Parecia estar em todos os lugares.
Foi uma espécie de volta oficial à cena política, depois de suas férias pós-eleitorais. Nas conversas, botou algumas de suas cartas na mesa, mas sem pressa. Quer ser candidato a presidente em 2014, mas seu jogo é de longo prazo.
Ficou claro, porém, em várias das conversas, sobretudo com os tucanos, que o “até logo” que José Serra proclamou com ênfase na noite de sua derrota para Dilma Rousseff é para valer.
Serra de fato não pensa em se aposentar. Muito mais do que isso: nutre esperanças de disputar a presidência pela terceira vez, na esteira de um eventual fracasso do governo Dilma. E, na cabeça de Serra, ele, do alto dos seus 44 milhões de votos, seria novamente a melhor opção da oposição para o embate. Serra tem falado isso mais próximos.
Mesmo considerando que não é hora de bater de frente com Serra, Aécio sabe que em algum momento — nem que seja dentro de dois ou três anos — um confronto entre os dois acontecerá. Tal e qual aconteceu nas eleições de 2010.
Desta vez, no entanto, Aécio terá ao seu lado parte expressiva de tucanos importantes que, em 2010, esteve todo tempo apoiando Serra – FHC à frente. Outros, como Geraldo Alckmin, Aécio terá que conquistar.
De qualquer forma, assim como Aécio era fundamental para Serra sonhar com algum triunfo em 2010, é importante para Aécio ter, em 2014, o partido unido se quiser candidatar-se à presidência com alguma chance. Aécio percebeu, contudo, que Serra não lhe facilitará os passos. E que era conversa para boi dormir a que tiveram o final do ano passado, em Belo Horizonte. Serra, na ocasião, pedia o apoio do ainda pré-candidato tucano Aécio Neves com o seguinte argumento: aos 68 anos, aquela seria sua última oportunidade para tentar ser presidente da República; Aécio tinha idade para esperar.
Nos próximos meses, Serra e Aécio disputarão um silencioso jogo de xadrez. O novo governo ainda nem tomou posse, mas no PSDB o fogo (ainda que brando) continua aceso, opondo os mesmos personagens. Vale a pena prestar atenção nos próximos lances.