Bolsonaristas dominam debate sobre violência racial nas redes, diz estudo
Levantamento da FGV mostra que parlamentares governistas têm mais engajamento em questões de gênero, mas discurso sobre racismo da oposição ecoa
Uma pesquisa em publicações do Facebook mostra que parlamentares da base do governo Lula dominam o debate sobre violência de gênero, mas a oposição tem maior engajamento em relação à violência racial. O levantamento da Escola de Comunicação da FGV analisou postagens entre os dias 1º de janeiro e 24 de julho deste ano.
“Disputa de narrativas sobre Lula e Bolsonaro, mensagens de repúdio a episódios de racismo, divulgação de ações institucionais e negacionismo racial estão entre os temas de destaque nos debates referidos”, diz nota do grupo responsável pela pesquisa.
Março e maio foram os meses de maior destaque em publicações sobre violência racial, em especial no dia 21 de março, quando se celebra o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial, e na repercussão dos casos de racismo contra o jogador de futebol Vini Jr.
Mauricio Marcon (Podemos), Rui Falcão (PT), Carla Zambelli (PL) e Gleisi Hoffmann (PT) foram os parlamentares com maior engajamento sobre a pauta. Segundo a FGV, a diversidade de partidos demonstra uma forte disputa parlamentar em torno da violência racial.
Marcon, o deputado com maior engajamento em torno do assunto, foi alvo de um pedido de cassação no Comitê de Ética da Câmara protocolado em março pelo PSOL. Em uma live, em fevereiro, ele comparou a Bahia ao Haiti por conta da “sujeira”.
“A gente esteve lá na Bahia. É um Haiti, não tem explicação, é uma pobreza, tudo pichado, sujo, e é uma área turística. A gente fica imaginando onde não é. A vida é muito diferente”, disse Maurício, em vídeo ao lado da esposa.
Depois do processo contra seu mandato, ele afirmou que a crítica era em relação à zeladoria de Salvador e não se referiu às pessoas.
“Enquanto parlamentares governistas disputam a pauta de gênero com o Centro, a oposição vem dominando o debate racial com argumentos díspares: ora condenando o racismo, ora negando a sua existência”, afirmam os pesquisadores.
No debate sobre violência de gênero, a maioria das publicações foi em março, em especial no dia 8, quando se celebra o Dia da Mulher. A ideia dominante foi de que o governo Lula retomou as políticas públicas de combate à violência de gênero e promoção do direito das mulheres.
Os parlamentares com mais engajamento sobre o tema foram o deputado Lindbergh Farias (PT) e o senador Eduardo Braga (MDB). A deputada Gleisi Hoffmann (PT), e as senadoras Mara Gabrilli (PSD) e Soraya Thronicke (União) foram as mais eficientes em pautar o assunto na rede social.