Bolsonarismo fecha janeiro mergulhado em intrigas e disputas internas
Dentro e fora do governo o que movimenta os aliados do presidente é o instinto de sobrevivência eleitoral -- e interesses particulares
O governo de Jair Bolsonaro entra na última semana de janeiro mergulhado em intrigas de aliados radicais do Planalto e até mesmo entre ministros do governo. O calendário eleitoral é o fator que move os interesses e faz ferver o bolsonarismo.
Dentro do governo, os vários ministros que alimentam sonhos eleitorais usam ações de suas pastas para alavancar a popularidade em seus nos estados. Do Turismo ao Desenvolvimento Regional, passando pelo Trabalho e a Infraestrutura, Bolsonaro tem auxiliares que já limpam as gavetas e tocam a vida sem se importar com o futuro dos projetos de suas pastas. A luta do momento é para viabilizar alianças e estrutura partidária para tocar campanhas.
Fora do governo, os aliados de Bolsonaro disputam seu apoio. Muitos passaram os últimos anos apoiando cegamente as bandeiras de Bolsonaro e agora percebem que o presidente já escolheu seus preferidos na disputa eleitoral. Em São Paulo, por exemplo, nada de Janaina Pascoal, Ricardo Salles ou Paulo Skaf. O presidente tirou da cartola o nome de Damares Alves.
Abraham Weintraub, um personagem inventado por Bolsonaro, briga para derrubar Tarcísio, o candidato preferido do presidente ao Palácio dos Bandeirantes. Há outros exemplos em outros estados.
No Congresso, a bancada bolsonarista anda angustiada com os rumos partidários do presidente. Ele se resolveu com o PL de Valdemar Costa Neto, mas poucos serão os deputados que terão espaço para levar dinheiro e estrutura da sigla do centrão. Sem planejamento nem palanques estaduais ainda organizados e boa parte dos estados, Bolsonaro deixa seus parlamentares em angustiante espera.
No Planalto, os auxiliares que não irão disputar eleição nem tem garantias de longevidade nos cargos públicos se dedicam a preservar a influência junto a Bolsonaro. A usina de intrigas palaciana nunca esteve tão ativa por causa disso.
Com tantas frentes abertas e tantos interesses em jogo, a agenda de trabalho do governo, o que realmente importa para a grande maioria do país, segue em último plano.