As provas do Ministério Público contra Eduardo Paes
A denúncia de caixa dois e lavagem de dinheiro apresentada contra o ex-prefeito do Rio resgata fatos antigos da Lava-Jato
A denúncia por suposto caixa dois e lavagem de dinheiro apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra Eduardo Paes resgata fatos antigos da Lava-Jato, como as planilhas da Odebrecht e o famoso sistema “Drousys” do Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira.
Para embasar a acusação de recebimento de mais de 10 milhões de reais em caixa dois para a campanha de reeleição de Paes em 2012, os investigadores apresentam documentos e planilhas que instruem os acordos de colaboração de executivos da Odebrecht e “grande volume de provas obtidas de fontes independentes”.
De acordo com o documento, corroborando indícios de que Paes estaria favorecendo do grupo Odebrecht em contrapartida às vantagens que teria recebido, estão, além dos depoimentos dos delatores, guias de transporte de valores apreendidas em uma empresa supostamente usada para a entrega do dinheiro em espécie. Em algumas delas há a menção “A/C Eduardo”, escrito à caneta.
Há também e-mails, mensagens enviadas por aparelhos Blackberry e os velhos codinomes e senhas vistos em tantos outros casos cuja coadjuvante era a empreiteira. Nada muito emocionante.
Segundo o juiz Flávio Itabaiana, que recebeu a denúncia por considerar haver, em tese, indícios suficientes de “materialidade de infração penal”, o conjunto de provas ganha “densidade na medida em que os valores lançados” nas tais guias “apresentam correspondência com os valores mencionados nas mensagens eletrônicas trocadas por funcionários da empreiteira e apontados nas planilhas extraídas do sistema Drousys”.
Ainda segundo o magistrado, para “dissimular a origem dos valores percebidos pelos agentes políticos ora denunciados, sob o pretexto de financiamento de campanha eleitoral, tais recursos não passaram pela conta bancária do primeiro denunciado” — no caso, Paes.