Aliados reclamam de silêncio de Bolsonaro sobre golpistas: ‘É muita birra’
Postura de Bolsonaro sobre atos violentos de apoiadores é vista por aliados como coisa de mau perdedor
Em fevereiro de 2019, Jair Bolsonaro surpreendeu o meio político em Brasília ao surgir todo esfarrapado numa foto (veja abaixo) em que anunciava o texto da reforma da Previdência. Foi apenas o primeiro de uma infinidade de momentos em que o presidente sacrificou a liturgia do cargo que ocupa e contribuiu para diminuir a simbologia da figura presidencial.
Seja de direita ou de esquerda, o presidente representa a nação e deve se portar de modo adequado ao cargo. Ao fugir para Miami nos próximos dias, o presidente fará seu último e derradeiro atentado à liturgia do poder, não passando a faixa presidencial ao seu adversário legitimamente eleito. Fosse esse o único problema, os aliados já teriam deixado o presidente para trás. A questão que ronda os poucos apoiadores que sobraram em Brasília, no entanto, é outra.
Na manhã desta quarta, como mostrou o Radar, Valdemar Costa Neto e Braga Netto foram encontrar o presidente no Alvorada. Os dois encarnam o pensamento de outros aliados que deploram o silêncio do presidente sobre os atos de radicais que já vandalizaram Brasília e quase conseguiram provocar uma grande tragédia a partir da frustrada tentativa de explosão de um caminhão-tanque no Aeroporto Internacional de Brasília.
Bolsonaro tem sido cobrado a fazer um pronunciamento para condenar as ações golpistas e pedir que seus apoiadores radicais retornem para suas casas. Os acampamentos golpistas nas portas dos quartéis já começaram a ser desmontados gradualmente. O silêncio de Bolsonaro, no entanto, é visto por aliados como coisa de mau perdedor: “É muita birra. Não percebe que acabou. Não escuta ninguém”.