A troca de comando na Vivara, anunciada na última sexta-feira, 15, já provocou uma perda de valor de mercado de 1,4 bilhão de reais para a empresa — o que dá uma dimensão de como o mercado recebeu mal a intentona de nomear um novo CEO. Desde sexta-feira, quando anunciou a renúncia de Paulo Kruglensky do posto de CEO para dar lugar a Nelson Kaufman, fundador e maior acionista da empresa, a Vivara já enfrentou uma desvalorização de mais de 19% na bolsa de valores. Nesta tarde, os papéis da companhia caem 5%.
A movimentação é resultado direto da frustração de investidores com a escolha de Kaufman, segundo fontes ouvidas pelo Radar Econômico. Na opinião desses interlocutores, a Vivara vinha entregando um desempenho positivo, com rentabilidade favorável em um segmento bastante castigado no Brasil — o varejo. A entrada do fundador, que estava há mais de uma década longe do negócio, foi recebida com ceticismo porque a condução da empresa já era bem avaliada até então na figura de Kruglensky. Além disso, as explicações para a mudança, vista como súbita, não estão claras.
A dúvida a respeito do futuro da companhia ficou maior após videoconferência realizada pelo novo CEO, em que teceu críticas ao negócio e citou necessidade de melhorias que não convenceram os investidores do papel, além da menção a uma necessidade de internacionalização que não se sabe de que modo será conduzida.
“Ele falou mal do desenho das próprias lojas da Vivara. Vai fazer o que, então? Vai fechar para reformar as lojas de shoppings que estão bombando? Vai expandir para o exterior para onde? Vai exportar joias de Manaus para Miami?”, critica reservadamente um gestor.
Apesar do ruído até aqui, quem ainda tem posição no papel prefere pagar para ver. “Não havia nenhum indício de qualquer coisa fora de ordem na empresa que justificasse a decisão súbita, mas também não achamos ruim ele voltar”, afirma Luiz Fernando Alves Junior, gestor da Versa Asset. “Continua um grande mistério o que deixou ele [Kaufman] incomodado, mas, se a empresa é a menina dos olhos e ele quer voltar, não vejo nada de problemático nisso”, conclui, acrescentando que pretende aumentar a exposição à Vivara se os preços seguirem pressionados e os balanços futuros se mantiverem fortes.